Recapitulando... Se você lê esta página há alguns meses, deve lembrar que falei do meu cachorro Boris. Morando em apartamento, ele gosta de sair para a rua mais do que tudo. Decobri que, embora pequeno, ele sabe intuitivamente caminhar acompanhando a minha bike. Assim, passei a ir ao trabalho pedalando junto com o cachorro, para alegria e diversão dele e dos meus colegas. A distância de casa até o trampo é de 800 metros. Deixo o bicho estabelecer o ritmo. Devagarinho na maioria das vezes; correndo um pouco nos trechos em que ele gosta, que são o viaduto da Cubatão sobre a 23 de Maio e uma calçada pelo lado da Aclimação.
Já comentei também que, embora a maioria das pessoas não veja nada de mais, posto que é óbvio que não estou maltratando o cão, existe uma parcela de doentes mentais na rua para confirmar o que comecei dizendo sobre nossa Paulicéia Neurótica.
Há um mês contei como certa noite na rua Nicolau da Sousa, um homem gritou "seu covarde, vai matar o cachorro!" da janela de um Monza velho e mostrou-se disposto à briga.
A coisa aconteceu de novo, na mesma rua, ontem às 14 horas.
Aproximou-se um carro pelo sentido oposto. Um Palio três volumes, cor champanhe metálica (não deu pra ver a placa), com duas mulheres bem vestidas; uma dirigindo e outra segurando no colo uma pasta preta. A do volante pareceu que iria pedir alguma informação e parei na boa vontade.
Ela começou: "Você anda com ele todo dia?" Eu: "Venho ao trabalho com ele."
Ela, com um sorriso esquisito: "Você não acha que força o coraçãozinho dele correndo, não?"
Boris olhava para mim com cara de "parou por quê".
Respondi: "Não, ele estabelece o ritmo. Eu é que acompanho."
A pessoa começou a entregar a hostilidade que tinha causado o encontro: "Ah, mas eu já te vi correndo por aqui."
Eu, só então percebendo um direcionamento irracional na mente da pessoa: "Claro, às vezes ele quer correr e eu acompanho. Ademais, a distância é de apenas um quilômetro - ele gosta de..."
Então, a mulher arrancou de repente e só deu para ouvir "Pode deixar que eu vou te entregar para a polícia..."
Fiz sinal para o carro parar novamente. Fui ignorado.
exclamado pelo Mario AV
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