14.11.02
A sensação de tomar um bom chute no saco é única. A dor é sublime e intoxicante. O bom chute no saco é aquele que emite um ruído oco mais alto. Algo parecido como o de encher o pé numa bola de futebol de couro murcha. É mais ou menos um “Eiissxxxtttaaalááááááá”. Para se dar um verdadeiro chute no saco é necessário despir-se de todos os valores cristãos, pois o estado inicial catatônico da sua vitima é capaz de fazer você pensar que o matou. Quando ele começa a esboçar reação, ou seja, respirar novamente, abrir os olhos e passar da cor gelo para branca, você certamente sentirá alivio pelo fato dele estar vivo.
Durante os próximos 5 minutos ele estará totalmente inoperante. Logo após a dissipação da dor divina a sua vitima passa a sentir o efeito das ondas. Como numa explosão nuclear o seu corpo é varrido por ondas magnéticas de puro concentrado de dor. Todos nós sabemos que dor em extremo te leva ao estado de choque, então o segredo deste golpe é que estas ondas vão até a borda do fatalismo e voltam. Assim a cada batida do coração vem uma marola de indestrutível dor.
O saco passa então a ser o epicentro da destruição. De lá se irradia o sofrimento para a cabeça, braços e pernas. Mais ou menos neste momento o homem estará saindo da posição fetal (alguns até mesmo com o dedão da mão na boca) e esboçando girar sobre os joelhos e ficar de quatro. De quatro mesmo, dane-se se vier coisa pior. Com seus braços apoiados à frente é bem possível que você perceba a concentração de gotas de suor no nariz e pingando em direção ao asfalto. O seu corpo, cérebro tudo esta tentando entender o que aconteceu. Planos de ação militar de retaliação para acontecimentos como Pearl Harbour foram espelhados no chute no saco.
chutado em 168 horas
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