29.11.02

Diário de bordo. 18º dia.

Desesperado, acordei Anselmo.

Eu - Acordaí, cara.
Anselmo - O que foi?
Eu - A porra do GPS.
Anselmo - O quê?
Eu - Tamofudido. Sem direção.
Anselmo - Ah, louca!
Eu - Sem brincadeira, ô idiota.
Anselmo - Liga pro Maurício.
Eu - Como, liga pro Maurício.
Anselmo - Porra, não enche meu saco.
Eu - Cê quer ficar voando sobre si mesmo?
Anselmo - A Celeste deu um beijo na minha boca.
Eu - Acorda, filho da puta. A coisa é séria.
Anselmo - Já disse, liga pro Maurício.
Eu - Cara, não tem como.
Anselmo - Dá um baixão aí e liga do orelhão.
Eu - Um baixão onde, canalha. Tamo em cima do Pacífico.
Anselmo - Fala com a Selma, então.
Eu - A Selma não sabe de nada.
Anselmo - Sabe sim. Ela não te chupou com o Abtronic na cabeça?
Eu - Seguinte. Foda-se.

Fui lavar umas roupinhas. Estendi-as no varal que improvisamos do cardaço ( cadarço? ) do tênis de Jorge amarrados aos de Celeste. Percebi um cocozinho que ficara ainda preso a uma de minhas cuecas. Resolvi deixá-lo ali mesmo. Observei por horas a sua secagem. Celeste se aproximou.

Celeste - O que que é isso?
Eu - Meu cocozinho.
Celeste - Porra, cê pirou?
Eu - Ué, vc nunca assistiu a um cocozinho seu secando dentro de uma calcinha?
Celeste - Eu não.
Eu - Então observa o meu.

Celeste saiu quieta, como se achasse aquilo muito nojento.
Depois reclamou da falta de criatividade do grupo. Que os papos estavam ficando sem graça e que eu era um porco imundo. Disse que não ia suportar ficar ali por muito tempo. Selma saiu em minha defesa. Disse que tinha escutado a minha conversa com o Anselmo sobre o GPS e que eu estava fazendo aquilo só pra relaxar.