26.12.02

Como ninguém saiu do barco até agora e também ninguém atende o celular, tomei coragem e decidi:

Vou entrar lá.

Já peguei o laptop da Celeste, uma medalhinha de São Cosme e Damião e um pacote de biscoito maisena.

Boa sorte pra mim.

Se ninguém tiver notícias minhas durante uma semana, por favor liguem para a Gaby e digam que ela sempre foi a mulher da minha vida. Obrigado.

23.12.02

AGORA ENTENDI TUDO!!!!!
DESCOBRI AONDE ESTÃO OS CARAS!!!!!!

Que Paquetá o cacete! Estavam aqui o tempo todo. Debaixo do meu nariz!

Sabem a carteira que eu fui pegar no Galpão do Zé lá no Glicério? Pois é.
O Waldir (sempre com aquela cara de entojo) entregou a bendita pra mim. Ele tinha passado só um paninho por fora, por dentro ela estava toda melecada com aquela gosma verde do ponche. Quando eu fui dar uma geral no conteúdo pra ver o que dava pra salvar (todos os cartões sobreviveram, mas o talão de cheques ficou uma coisa muito triste) eu reconheci o cheiro daquela gosma. NÃO era ponche de abacate. Aquilo é uma batida de cogumelos alucinógenos. Igual àquela que o Zé Luiz tomou antes de descer a Estrada Velha de Santos de carrinho de rolemã. Naquele dia o Zé também não contou nada pra mim e acabei descobrindo pela Sandra que entrou na minha casa - totalmente chapada - pensando que era um cabeleireiro e pediu um tingimento roxo.

Daquela vez me lembro do frio que passamos de noite na Serra do Mar procurando o Zé com umas lanternas vagabundas na neblina. Lembro-me também mais tarde do Zé rindo feito um arara no cio, ainda sob os efeitos dos cogumelos, enquanto eu tomava três injeções anti-rábicas na barriga. Se um chazinho tinha feito tamanho estrago na sanidade já abalada do nosso amigo Zé Luiz, imaginem o que não fez essa gigante tigela dessa pasta de cogumelos?

Eu já disse aqui que o Zé Luiz é um débil mental de beijar PM da ROTA na boca durante batida, mas não imaginava que ele chegaria a esse ponto. Sabe os confetes, aqueles molhados, espalhados pelo Galpão? Eram cartelinhas de LSD. Ninguém me contou. Eu fui lá no Galpão e vi. Ainda tinham várias espalhadas. E ecstasi, provavelmente. Ai, eu cismei. Cheguei mais pra perto daquele barco e comecei a escutar ruídos meio abafados: risadinhas, resmungos, às vezes choramingos...

Sabe o que aconteceu? O Zé, o Anselmo, o Jorge, aquela menina metaleira filha da chacrete, que eu nunca lembro o nome e a Celeste entraram na porra do barco-cesta-de-balão e estão lá dentro até agora!!! Como é que eu sei? Eles estão todos vestidos com os macacões térmicos nas fotos Polaroid pregadas no mural de aviso do Galpão. Todos com um sorriso de beatitude bastante suspeito (exceto o Zé que estava com cara de quem ia espirrar). Provavelmente completamente equipados dentro do balão com comida para mais de três meses, se bem me lembro do manual.

Bati algumas vezes no casco e não obtive resposta. Bati com mais força e juro que ouvi gritarem lá de dentro: "Capitão, estamos sendo atacados! – São os mísseis de Vardok, ele não desistirá! – Tenente Anselmo toda força para estibordo!" e depois uma gargalhada que mais parecia um choro. Ou vice-versa.

Não sabia se chamava os médicos, os bombeiros, os australianos ou um advogado pra mim. Mas quando comecei a escutar cantigas de roda vindas lá de dentro acabei me tranqüilizando. Resolvi voltar pra casa. Amanhã decido o que fazer. Afinal, eles não vão pra lugar nenhum. Espero.

21.12.02

Acharam minha carteira. Waldir, o zelador do Galpão, disse que encontrou ela dentro do ponche (yechh!).

Passo no fim da tarde para buscar, assim que tirar o gesso da perna.

Fora isso, nenhuma notícia do Zé Luiz.
Liguei até para o pronto-socorro municipal de Paquetá.

No news is good news. Deve estar tudo bem.

Eu acho.

20.12.02

Quer saber? Tá todo mundo em Paquetá, né?

Estou mandando o manual por email pra vocês. Mandei uma cópia pro site dos australianos. Estou livre.

Qualquer coisa vocês sabem onde me encontrar:
Na última cadeira à esquerda do cine Lumiere II com o gesso apoiado na cadeira da frente, comendo fandangos murchos.

Evoé. Aí vou.

18.12.02

E ela levou a carteira também? O meu celular ela também levou, e o do Zé não responde desde que a Nossa Senhora Aparecida apareceu. Quanto ao galpão, ninguém sabe, porque o pessoal da ZL baixou lá e fomos todos pra Paquetá. Eu o Zé e os cara.
Dá um pintão.
E mais uma coisa:

CADÊ MINHA CARTEIRA???
Pelo que soube a Baixada do Glicério inundou de novo.
Será que o sumiço geral tem a ver com isso?

Geralmente sou eu o primeiro que eles chamam nessas emergências.

O que está acontecendo??
Voltei pra casa de taxi.

Hoje não consegui falar nem com o Maurício, nem com o Zé, nem com ninguém.

Os telefones só na caixa postal.
Cadê todo mundo!!!!!!!

Alo-ou........... ...........

17.12.02

E o Nelsinho contou:

--- Fala moçada !
Pô faz tempo que agente não se fala.Deixa eu contar uma coisa louca que eu vi ontem. Eu tava na avenida Paulista...( fui comprar um sonsinho de natal pro João Pedro )... e enfrente ao Conjunto Nacional , tinha uma tribo muito loca . Eram mais de dez figuras , com uma espécie de uniforme muito incomum , tocando uns intrumentos mais locos que eles ( sonzaço ) .
--- Bem ...! Aí , eu perguntei pro pessoal em volta,da onde eram aquelas peças raras. Me disseram que era de algum lugar perdido no norte da Africa e que vieram ao Brasil, atrás do nosso glorioso futebol .( uma tribo fazendo turismo ... que maluco heim !? ) .
--- Meu chapa , o som dos caras era maravilhoso, vibrante , e eu me lembro bem da frase em um dialeto estranho que eles gritavam repetidamente ... era mais ou menos assim :'' SOTNAS OÉ ALOB A ÁD MEUQ AROGA ." --- Genial !!
É mês? Tem TV no balão? É o balão mágico? Quem é a Simoní? Cadê o meu chucola?

16.12.02

Mas a histó(e)ria do Flávio, pra variar, não era assim exatamente, fiel à realidade. De fato teve uma puta festa, de fato o Zé nem deu um toque, de fato tinha um monte de confetes pelo chão e de fato o Flavinho apagou, mas acontece que ele esqueceu de mencionar a presença de Anita.
Anita era um lêmure fêmea com uma tendência tênue à ausência quase total de paciência. E ficou sem saco daquele papinho dele e deu um chapéu nele. Acho que foi Rupinol.
E quando ele viu aquela roedora cantando anjuuuuu pra ele, ele pirou o cabeção e jurava por deus que não queria voltar pra casa.
Larguei lá mermo!!!
E ele não contou pra vocês que me ligou chorando que a coelha tinha tirado uma rolinha da cartola na hora agá. E ainda roubou a carteira dele.
Pode?
Olha o que eu achei no bardotonho.blogspot.com (flávio, eu não sei inserir link nesta mierda...):
Viagem pra Piri:
Descobrimos q o efeito da maconha nos cachorros da cidade causam um efeito suicida!!!
hauahaahauhaua.....foram uns tres ou quatro cachorros tentando se matar atropelados.
Um deles simplesmente parou no meio da estrada de costas para nós e soh deu uma olhadinha marota pro carro, como quem diz:"Vai , passa por cima!"
Foi o mais comédia!!!
Como até eu tirar o gesso eu não posso dirigir, o Maurício passou aqui e me levou para tomarmos uns gorós depois da chuva. Fomos no bar do Geraldinho. Enchemos a lata, observamos a fauna do local e discutimos muito Led Zeppelin, acupuntura e a bunda da Kelly Key. Quando deu umas três da manhã decidimos, por unanimidade, que deveríamos ir até o Galpão do Zé Luiz, no Glicério, para mijarmos dentro do Balão.

O Maurício estava muito briaco e minha bexiga queria estourar, mas minha experiência de co-piloto acabou sendo bastante útil e, depois de algumas tentativas, conseguimos encontrar as chaves, o carro, a porta do carro, a ignição, o câmbio, a embreagem, a rua, a calçada, a rua novamente, uma avenida, uma viatura do DSV, a carteira de motorista, duas notas de cinqüenta, a Radial Leste e por fim o Galpão. Depois de abrirmos os portões e alimentarmos a cachorrada que não parava de latir, acendemos as luzes do Galpão na chave geral e surpresa: Aparentemente ali houvera uma festa. Uma bela festa.

Eu já comentei aqui que o Zé Luiz é um débil mental de escovar os dentes com soda cáustica. Contudo também comentei que ele é gente finíssima e bastante generoso, características que tornavam estranho o fato de não termos – nem Maurício nem eu – tomado conhecimento dessa festa no Galpão. Principalmente eu que estou há três dias traduzindo a porra do manual dos australianos!

Além do caos habitual do Galpão somavam-se confetes molhados e serpentinas pisadas, algumas mesas de bar dobráveis, uma grande cumbuca com o que parecia um ponche de abacate, papéis de brigadeiro, máscaras do Bush e Bin Ladden, centenas de latinhas de cerveja, um sutien GG e um vômito. Tudo isso em torno do barco de fibra de vidro, agora transmodificado em cesta gigante de balão. Aproveitei para dar a mijada nele.

O Maurício não estava nem aí. Já tinha encontrado uma garrafa de White Horse e estava de papo pro ar cantarolando baixinho o Ratatanga. Eu puxei uma cadeira e comecei a meditar sobre aquele esdrúxulo barco aéreo enquanto algumas cigarras cantavam, o Maurício ressonava e uma aragem mais fresca entrava pela porta do Galpão. E também acabei capotando.

Acordei hoje de manhã com o Wadir, o zelador do Galpão, me cutucando com o esfregão e com cara de muitos inimigos. Eu, estatelado no chão, como um gambá atropelado duas vezes, só consegui balbuciar:

- E o Maurício, aonde está?

O filho da mãe tinha me deixado lá.
Diário de bordo. 25º dia.

Contei para vocês que uma rajada de vento levou a frasquerinha do Anselmo?
Pois é. O Jorge chegou a esticar o braço mas não deu. Foi uma caixa com
3 embalagems de Signal, um tablete azul de Prestobarba, duas escovas
de dente de cerdas macias, um cortador de unha, um espelhinho daqueles
de feira - moldura laranja e uma medalhinha de São Benedito.
Anselmo chorou copiosamente. Lembrou da mãe, da irmã e de um amigo
da faculdade que recomendou que tivesse muito cuidado nessa viagem.
Anselmo se formou na Uninove. Defendeu uma tese, mas o
juiz mandou voltar. Ficou apenas com o diploma. Selma se mostrou irritada com
a situação. Estava achando aquilo muito viado. Colocou um Judas Priest
na orelha e começou a lamber as tatuagens do seu corpo. A cor do céu
lembrava tarde de inverno.

14.12.02

MANUAL DE INSTRUÇÕES - Mutipropulsor de plasma ionizado.

(...)

Cap. 7.3 - Dos procedimentos de segurança em caso de superaquecimento:

Quando a luzinha do coiso começar a piscar, faça o seguinte:

1- Aperte o botãozinho debaixo do coiso várias vezes.

2- Gire o breguete do lado do troço redondo até o barulho passar de pi-pi-pi para uón-uón-uón-uón.

3- Se a bagaça continuar piscando, puxe o negócio comprido até mais ou menos o meio e dê uma chacoalhada. Aperte bem aquele trequinho que coisa o negocinho preto.

E se ainda assim a luzinha continuar piscando, dê uns tapões bem fortes do lado do aparelho. Geralmente funciona.

Caso nada disso resolva, puxe o plug da tomada.

(...)

12.12.02

Ichhh Que Boston hein?

Diário de bordo. 23º dia.

Henrique Meirelles?

Diário de bordo. Último dia submerso.

Quero avisar meus amigos que me mantiveram esquecido no fundo desta joça que passei
a maior parte do tempo comendo lagosta e camarão. E que se fodam os fuxicos que rolaram aí em cima sobre a minha conduta e personalidade. Sou um homem de bem e ponto final.Agora é o seguinte, vou voltar praquele balãozinho muito mais mordaz, áspero. E prometo enfiar todos os comprimidos de ectasy no cu de quem inventar festinha pra comemorar porra nenhuma. A viagem do ecstay acabou. Tomei muita água e agora tô aqui. Celeste disse que sentiu saudades. Selma também. Jorge continua agachado. Anselmo chora.Eu não quero nem saber. A bicha vai pegar.
Foram anos pesquisando Sunny. Tantas versões... do Léo Jaime ao George Benson eu achei que tinha visto tudo. Mas as vezes a cobra só não morde porque está mesmo perto demais. Puta o Sunny do Stevie Wonder é do caralha! Uma espécia de Austin Powers de gaita. Gaita surpresa. Gaita lembrança.
Bom,
tá aqui o calhamaço, o manual que os gringos fizeram.
E aproveitando que eu tô com a perna pro ar mesmo, mandaram eu traduzir.

Vou fazer o seguinte: vou colocar o texto naqueles sites de tradução automática e foda-se. Huahuahua.

Enquanto isso o Zé foi pro Santo Daime em Atibaia.
É blogger.
Blog o quê?
Bloggerrrrrr.
E ganhei uma garrafa de grapa. Grapa surpresa. Grapa lembrança.
E assim que chegou a tropa, todos perderam os acentos. E suas roupas descosturadas perderam também os pontos e nunca mais se acentuou ou se pontuou nada nem virgula nem ponto de exclamacao nem cedilha nada porra nenhuma mas mudando de assunto a mina me deu um cartao genial a isabel o cartao se transforma em uma maquina fotografica e ele começa a mostrar a imagem pervertida como dizia aquela menina que dizia tambem que um dia era da caca e outro da pesca ou entao que um dia era da caspa e outro da perva sem pontuacao tudo fica igual.
Mas graças a deus que tem pontuação. Ufa!

10.12.02

Como o Zé Luiz consegue tanto dinheiro? Como gasta tanto em extravagâncias? você perguntaria.
Essa pergunta tem múltiplas respostas. Provavelmente todas corretas. Você decide:

a) O Zé ganha muito bem na W/Brasil, trabalha quando quer, é o braço esquerdo do Washington.

b) Ele tem pais miliardários, de família tradicional e que lidam com pedras preciosas.

c) Conseguiu sua independência financeira ao produzir uma peça, escrita pelo Miguel Falabella, com o Ney LaTorraca, Paulo Gorgulho, Antônio Fagundes e Daniele Winitz, chamada Enchendo o Rabo de Dinheiro.

d) Comprou ações da Intel e Microsoft em 1986, muitas ações.

e) O cara nasceu com a bunda virada pra lua. Qualquer coisa que o Zé Luiz faz acaba dando certo (para ele pelo menos). Se decide escrever poesia, recebe o Prêmio Nestlé de revelação. Se decide fazer cooper acaba matando o Luiz Eduardo Magalhães. Se cisma em voar de ultraleve na Antártida, ganha um prêmio pelas fotos aéreas. Se encasqueta de ter aulas de tango, acaba comendo a Luana Piovanni. Assim não é possível!

9.12.02

Olhei pro mar e pensei: "Como é que que eu vou entrar nessa putaria?"
Tá foda, meu! Tá foda!...
Entre o céu e as águas, fico aqui parada, guardada na minha janela.
A mina lá do prédio da frente, aquele que fica atrás do que tem a sala de 6 metros de largura, não pára de andar na esteira.
O negócio é que o movimento que ela faz, podia ser qualquer coisa, na verdade.
Já o pessoal da varanda não. Tem sempre 6 pessoas jogando carta lá.
Ontem a costureira estava trabalhando à noite. Fazia tempo que isso não acontecia.
As cortinas lá, protegendo.
Antes achei que ela pintava.
Depois da luneta é que vi que ela costurava.
Mas o Natal é essa merda mesmo.
Na sexta, o casal do 12º ficou pindurando as luzinhas.
O cara tava de cueca, mas o Maurício achou que ele tava pelado.
De pelanca já me basta a faxineira maluca.
Vamos ver se acontece alguma treta mais emocionante no flat da esquerda.
Tudo lesma lerda...
Daqui a pouco vou me mandar pro fundo do mar.
Quem sabe as coisas chacoalham mais por lá.
A Injuriada.

8.12.02

Sábado eu fui lá.

Mesmo com a perna engessada num saco plástico, para protejer da chuva, fui lá no Galpão do Zé Luiz na Baixada do Glicério. Seu Juvêncio me deu uma carona na CB400. Disse que os australianos estavam reunidos com o Zé no galpão.

O Galpão fica numa zona meio decadente mas é enorme. Parece que era uma fábrica de sabão. Tem várias correntes velhas e trilhos pendurados no teto. Nesse espaço o Zé vem acumulando trilhares de tranqueiras, rescaldos de aventuras intempestivas e delírios maníacos.
A coleção de badulaques, adquiridos das mais variadas maneiras, inclui:
- Estrutura de um carro alegórico da Vai-Vai com cabeças de unicórnio de isopor.
- coleção de caiaques multi-coloridos
- Três Ford Galaxies sem motor
- Um Maverick v8 laranja, teto de vinil, sem rodas
- Uma réplica (de 3 metros) da estátua da liberdade vestida de Carmem Miranda
- 10 rolos de filmes do Oscarito numa geladeira
- Um mapa gigante da cidade de Budapeste (meio mofado)
- Uma pele de zebra esticada na parede oposta
- Um ultraleve (inteiro, funcionando)
- diversas coleções incluindo discos de 78 rotações e espadas japonesas
- Os cenários completos do 3º ano do Cassino do Chacrinha
- 7 cachorros (dois filas, um ruskie, 3 martins farejadores e um poodle-toy)
- Uma perna mecânica, pertencente ao João do Pulo
- uma grande embaladora de frutas coreana

Todas estas coisas estão acumuladas em ordem mais ou menos cronológica. Ou seja, o Zé Luiz adquire (compra, rouba, empresta) mais um trambolho e todo o resto é empurrado um pouco mais para o fundo, de modo que libere na área perto dos portões uma boa clareira (utilizada como pista de dança e aulas de Taekwondo). Desta forma eu imagino que numa camada arqueológica inferior da pilha de tranqueiras seria possível encontrar o berço de ninar do Zé embaixo do seu primeiro kart.

Pois nesta clareira, na entrada do galpão, encontrei uma equipe de pessoas uniformizadas com soldas faiscantes, placas e plantas. Elas se reúnem em torno de um barco verde camuflado que eu já conhecia. Essa embarcação, feita fibra de vidro feita especialmente para o Exército Brasileiro, serviria para ser transportada de helicóptero para determinadas áreas de difícil acesso da Amazônia e do Pantanal mas acabou sendo leiloada pela extinta Engesa (o Zé queria mesmo era um protótipo de tanque de guerra).

Os australianos, acabei descobrindo, são campeões mundiais de balonismo na categoria horda e estavam transformando a embarcação do Zé numa, sei lá, cabine, cápsula, cesta de balão monstro. Me lembrei imediatamente do Peter Potamus e Tico Mico que voavam em um balão parecido (ou será que era a turma do Zé Colmeia?). De qualquer forma o Zé Luiz tinha visto muito Hanna-Barbera.

Assim que cheguei o Zé Luiz se aproximou todo esfuziante, levantou a máscara de soldador, e apontando para a gerngonça exclamou:

- Ratapulgo, chegou o momento de conhecermos o mundo de outra perspectiva!

Naquele momento, olhando os caras trabalhando em torno do barco, o cérebro travou e eu só conseguia pensar:
"Oh céus, oh vida, oh dia, oh azar...."

6.12.02

Caro amigo zé Luiz,

Agora vejo que você começa a tocar a superfície (não ainda o fundo) do azul. À medida que você se aprofunda a luz diminui, o frio aumenta, mas estamos muito confortáveis por aqui, na areia rala do fundo. Leia Ulisses, cheire vinícius. Depois de algumas horas, eu e a mulher do Herbert, conseguimos acomodar a banheira (sempre cheia) do poeta perto da gente, e ele não para de reclamar da falta de whisky (vê se traz), saravá!
Claro que o pessoal do Kursk tem muita Vodka. Todo dia eles chegam com umas três garrafas debaixo do braço. E nunca respondem quantas eles ainda tem. Sempre aquele papo de Stolaya Procshasca, que significa alguma coisa como: De onde esta veio, tem muito mais...
pinta aí...

5.12.02

Diário de bordo. 21º dia.

Vejam vocês, Maurício e Ratapulgo.
A verdade aqui entre o iodo e o sal é única.
Estou de colant preto da Ralph and Rommel.
Os tubarões só querem saber dos golfinhos.
Estou me sentindo só.
Parece que fui transferido pra Penitenciária de Presidente Prudente
Os Alkimins estão chegando
Não estuprei nnguém
As lulas comem salmão
O blue merlin é ilusão da Barsa
E eu não vou aguentar nenhum cd do paralamas se algum ultraleve cair por aqui
Na verdade, estou lendo Ulisses
E apalpando a ex-namorada do filho do Abílio
O fundo do mar é escuro
Cadê o Picon?
Recebi várias mensagens do Zé Luiz (muitos emails repetidos e um telegrama animado com um palhaço-médico, quase dei-lhe um murro no nariz quando começou a batucar no meu gesso) avisando que ele ficou em quinto lugar na etapa de Birigui do Campeonato Brasileiro de Balonismo.

Já parabenizei - várias vezes - e aproveito a oportunidade de fazê-lo em público novamente. Meus parabéns, Zé, ótimo, muito bem, você é o Imperador da Queijadinha Amarela!! Pronto.

Agora, esse papo de ir para o Galpão na Baixada do Glicério, só pra você assinar meu gesso, está meio estranho...
(reticências triplas) ... ... ...

4.12.02

Ainda estou com a perna engessada.

O Zé Luiz, com a publicidade do pouso forçado, agora tá que tá. Foi ontem para Pindamonhangaba e tb vai participar de uma etapa aí do campeonato brasileiro de balonismo.

Jorge disse que ele contratou uma equipe australiana, com engenheiros, nutricionistas e o escambau (?!?), mas ele está todo cheio de segredinhos. Melhor assim: prefiro não ser incluído em seus planos mirabolantes (haha, até parece!!).

Enquanto isso, aproveitando a calmaria, vou dar uma garibada no Copy & Paste e ver os DVDs do Eisenstein.



Diário submerso nº zilfs.

Romeu fez comentários jocosos, falava que o triunfo da poesia pura poderia
ser reacionária e que era melhor eu fazer as pazes com Mercúrio. Podei o
purismo de Romeu. Bani-me. Saí de mim com os outros. Me apaixonei. Embichei.
Joguei um véu branco sobre mimesma. Traguei o cigarro do zelador.
Assei linguiças.

Os patins ainda repousavam no quintal. Vesti-os de risólis e deslizei.
Disse eu assim molhada: escorreguei com lábios de mentira: um romance
inadequado.

Urge
quando a garrafa
vestir jarro

A primeira demão ficou muito boa.


3.12.02

Diário de bordo. 1ª dia submerso.

Puta falta de ar!
Diório de bordo. 20º dia.

O Jorge não quis contar. O fato é que durante a parada do êxtase
eu me lancei ao mar. Então, se agora as palavras chegarem molhadas,
pega um paninho.
hahaha.
pára com isso, seu Juvêncio, todo mundo sabe que é você!
hehehe.

abraços,
ratapulgo

2.12.02

É. Isto sem falar no zepelin da Globo.
Mas o caso do zepelin está absolutamente legalizado, uma vez que o alvará (recentemente renovado pela prefeita) foi emitido com a anuência da delegacia de mares e ares da comarca de São Sebastião (que é a comarca correta neste caso).
Sinto informar-lhes que o fato ocorrido no teto da assembléia (muito pouco noticiado nos jornais desta semana passada) configura crime contra o espaço público aéreo, cabível de multa, apreensão do veículo e encarceramento.
A ABB não é (e nem nunca foi) credenciada para emitir alvarás de qualquer gênero e Rodolfo Juvêncio de Lima (Seu Juvêncio) é um impostor procurado por pelo menos 32 municípios do interior de Minas e São Paulo.
Caso este desserviço à comunidade continue eu pessoalmente pretendo mover uma ação contra os infratores e coniventes.

Atenciosamente,

Delegado Peixoto
E para todos que escreveram perguntando da legalidade do vôo de balão dentro do perímetro urbano de uma cidade como São Paulo, informamos que essa curta viagem foi supervisionada pela ABB (o seu Juvêncio é um dos fundadores) e obteve a aprovação prévia do Serviço de Proteção ao Vôo. O SPV nos esclareceu, inclusive, que este seria apenas o segundo vôo de balão na história (!) que sobrevoaria a cidade de São Paulo.
O balão, que parecia desgovernado, acabou pousando algumas dezenas de metros mais adiante no teto da Assembléia Legislativa de São Paulo. Dizem que o deputado Afanásio Jazade ficou bastante impressionado e até teve uma ereção quando viu os peitões da Ellen Roche passando pela janela do gabinete, mas não sei se é verdade.

O Jorge depois veio me informar que como o pouso foi considerado perfeito para um balão pilotado por apenas uma pessoa, o Zé Luiz, em vez de ir para a cadeia, terminou por RECEBER O BREVÊ DE PILOTO.

Vamos ver se o hospital me deixa ficar aqui mais uns meses.
E, lentamente, uma a uma, as garrafas foram caindo.
Calangos
E o barbeiro se apriximava dizendo:
- I´m going to shave your soul...
E ele me mostrava uma embalagem vazia de prestobarba (aquele da primeirafaztchan). E o comercial acabava com uma dezena de gremlins na fruteira e os dizeres "É barbada!!!" e a mulher do concorrente aparecia tentando (em vão) eliminar uns pelinhos indesejáveis... com o produto do marido dela. o du caralho é que ela é ação e personagem.

- Mas larguei esta vida. Comercial não orna. O bom mesmo é filmar em 16mm com um orçamento de R$32.000,00!!! Isto é do caralho!
Estou agora preparando um documentário sobre a vida da Eureka.
- Desculpa amigo, mas eu acho que você devia pensar e fazer alguma coisa mais importante, não acha?
- Mais importante que a vida da Eureka!!!!
- Sei lá... a história do Rodrigo pessoa...
- O escritor?
- Não o cavaleiro.
- Não conheço... Mas a Eureka é muito mais que ele.
- Cavaleira?
- Como assim, a Eureka?
- Olha amigo, eu nem lhe conheço, mas tu é chato pá dedéu hein... Quem é o bosta da Eureka que cê tanto fala...
- Eureka, amigo. Uma das 4 maiores empolhadoras de Presidente Prudente e região. É mais de dúzia por hora... tudo branquinho.
- Caralha, mais de 120 por dia?
- É.. e tamo fazendo em película. Tá lindo.

1.12.02

Estou escrevendo do laptop da Celeste aqui no hospital. Não quebrei a perna, só torci o tornozelo, mas tive que engessar a perna assim mesmo.

Tenho que admitir, a foto do Ibirapuera tirada do balão ficou ótima. Como nesse blog não está aceitando imagens, confiram as fotos na (atual? próxima?) edição da Trip. Reparem na minha feição de desespero agarrado às ferragens amarradas na corda, tentando não olhar para o parque 20 metros abaixo. A seqüência de fotos do Zé Luiz em que eu estou caindo no lago também ficou ótima.

O trepa-trepa estava meio enferrujado e, no segundo tranco da corda do balão, metade da ferragem foi alçada pelos ares. Crianças gritavam tão agudo que só os cachorros escutavam. Contrariando todos os instintos de sobrevivência eu agarrei nas barras do trepa-trepa (opa!) e fomos todos para cima.

É óbvio que não olhei mais para baixo e só consegui deduzir a altura que alcançamos pelas fotos do Zé, mais tarde, no hospital. Eu gritava para o Zé, que apenas dava muita risada e ouvia o Seu Juvêncio berrando "Solta, solta logo". Como eu cerrava os olhos com mais força tentando lembrar alguma reza (mas a música em alto volume do Padre Marcelo não deixava me concentrar) não queria largar de jeito nenhum as ferragens do trepa-trepa. O Zé começou a tacar algumas coisas que ele tinha no balão em cima de mim pra ver se eu me desgrudava. Quando finalmente a embalagem de dois litros de Gatorade acertou minha cabeça eu acabei soltando e despenquei no lago. Só escutando as gargalhadas do Zé Luiz.

Diário de bordo. 19º dia.

Considerando o estímulo como uma emissão de energia sonora de módulo constante e frequência e tempo de emissão variáveis, eu e Anselmo nos dirigimos ao computador, a fim de localizar o Maurício para que a questão de nosso GPS fosse solucionada.
I = Kft. Pela lei de Fechner S = LI + C, ou S = Lf + Lt + C.
Como a sensação é saturável, me explicou Anselmo, St = Se - at, sendo S a sensação inicial e St a sensação após um tempo de exposição.
Assim, St = (Lf + Lt + C ) + e - at (df/fdt = 1/t ) ou P = e - at ( df/ ftd + 1/t - a ( Lf + Lt + C).
Propondo a fórmula acima como a da percepção a um estímulo sonoro, plugamos o headphone de Celeste no computador. Anselmo levou-o aos ouvidos e aguardou ansioso por um contato do Maurício. Uma hora se passou e nada. De repente, o alívio. Um grunhido entrou. Perguntei ao Anselmo mais detalhes. Ele me disse que estava conseguindo decifrar alguma coisa. "OK!", gritou ele. " É o Maurício. É ele, em voz e osso ". " Voz e osso?", exclamei. " Ele está dizendo que o nosso GPS está setado errado. Por isso, resolveu alugar um jato da FAB e está voando em nossa direção com o seu Juvêncio ". Neste momento a conexão caiu. Anselmo tirou o headphone e olhou fixamente para mim. Misturava alegria e apreensão.

Perguntei como poderia ser feita a baldeação de duas pessoas de um Jato para dentro de um balão. Anselmo riu. Me lembrou que o seu Juvêncio saberia perfeitamente como fazer isso. Bem, não precisamos dizer que a notícia se espalhou rapidamente por todo o balão. Nossa cestinha balançava de tanta alegria. Selma tirou a saia e a blusa, ficando só de calcinha e sutiã. Celeste agradecia ao Rajneesh, dançando uma Nataraj de fazer inveja a qualquer um. Jorge resolveu levantar, deu um forte abraço em todos e voltou para o seu canto, onde abriu as Sidras reservadas para o nosso Natal.

Achei que a comemoração poderia ser mais esfusiante. Lembrei que tinha guardado 643 comprimidos de ectasy no fundo da mala. Os mesmos que utilizei juntamente com o Ratapulgo na saída do Campo de Marte. Dei quatro pra cada um. Selma preferiu tomar logo oito. Jorge não aceitou. Pegamos o cálice de Sidra, brindamos e blog. Coisa pra dentro. Meia hora depois a coisa já tava complicada.

Prudentemente, deixo para o Jorge contar como foi.

30.11.02

Se você preferir, ao invés de ir a Fátima, você pode acessar www.fatimashop.pt e colocar suas vel(h)inhas no altar mesmo sem sair de casa. O custo é bem módico, e eles aceitam todos os cartões de crédito.
Vou contribuir pra que nada de nefasto ocorra com nossos amigos no céu

29.11.02

No meio do parque, o bichão começou a subir.
- Segura, segura!
Tá bom... "Segura no meu pau!" - pensei, só não falei alto em respeito ao Padre Marcelo que nessa hora cantava uma Ave Maria aeróbica. Eu tinha certeza que se eu segurasse o balão pela corda naquele momento eu iria ser arrastado por meia cidade me espetando em todas as antenas de televisão do caminho.

Pousos e decolagens eram assuntos pra profissionais, o Seu Juvêncio que acertasse as válvulas do balão com o Zé lá em cima. Eu estava decidido a permanecer com os pés no meu chão abençoado e fui apressado pra caminhonete, por via das dúvidas. No meio do caminho quem encontro? Nada menos que o Seu Juvêncio num papo animadíssimo com a ex-dançarina do Bolinha. Olhei pra cima, estava só o Zé na cestinha. Cadê todo mundo? O balão já havia subido uns quatro metros e voltava a descer e avançar cambaleante para a área do parquinho das crianças. O Seu Juvêncio, nem aí. Comia cachorro quente com o bigode cheio de molho enquanto contava uma história dando alguns tapas safados na pernona da ex-Bolete.
O comunicador apita. Era o Zé:
- Como é que é mesmo? "Push" é puxe ou empurre?

Eu joguei o rádio para o Seu Juvêncio gaguejar as instruções pro Zé Luiz.
E fui eu - ai, meu destino amargo! - tentar amarrar a ponta da corda em algum lugar...
Diário de bordo. 18º dia.

Desesperado, acordei Anselmo.

Eu - Acordaí, cara.
Anselmo - O que foi?
Eu - A porra do GPS.
Anselmo - O quê?
Eu - Tamofudido. Sem direção.
Anselmo - Ah, louca!
Eu - Sem brincadeira, ô idiota.
Anselmo - Liga pro Maurício.
Eu - Como, liga pro Maurício.
Anselmo - Porra, não enche meu saco.
Eu - Cê quer ficar voando sobre si mesmo?
Anselmo - A Celeste deu um beijo na minha boca.
Eu - Acorda, filho da puta. A coisa é séria.
Anselmo - Já disse, liga pro Maurício.
Eu - Cara, não tem como.
Anselmo - Dá um baixão aí e liga do orelhão.
Eu - Um baixão onde, canalha. Tamo em cima do Pacífico.
Anselmo - Fala com a Selma, então.
Eu - A Selma não sabe de nada.
Anselmo - Sabe sim. Ela não te chupou com o Abtronic na cabeça?
Eu - Seguinte. Foda-se.

Fui lavar umas roupinhas. Estendi-as no varal que improvisamos do cardaço ( cadarço? ) do tênis de Jorge amarrados aos de Celeste. Percebi um cocozinho que ficara ainda preso a uma de minhas cuecas. Resolvi deixá-lo ali mesmo. Observei por horas a sua secagem. Celeste se aproximou.

Celeste - O que que é isso?
Eu - Meu cocozinho.
Celeste - Porra, cê pirou?
Eu - Ué, vc nunca assistiu a um cocozinho seu secando dentro de uma calcinha?
Celeste - Eu não.
Eu - Então observa o meu.

Celeste saiu quieta, como se achasse aquilo muito nojento.
Depois reclamou da falta de criatividade do grupo. Que os papos estavam ficando sem graça e que eu era um porco imundo. Disse que não ia suportar ficar ali por muito tempo. Selma saiu em minha defesa. Disse que tinha escutado a minha conversa com o Anselmo sobre o GPS e que eu estava fazendo aquilo só pra relaxar.
Diário de bordo. 17º dia.

Tivemos a sensação de ter perdido a visão da equipe de apoio que acompanha nossa
viagem por terra. Era vertigem. Na verdade, percebemos o Gurgelzinho ajudando
o Waldemar Niclevicz a colocar na caçamba a bandeirinha congelada do Brasil que
estava no topo do K 8. Ratapulgo, com sua pele branca ostentando cabeleira e
barbichinha tingidas de Grecin, parecia estar feliz. Afinal, como disse Celeste, ele estava anos tentando se livrar do estudo comparado que fez entre as variantes musicais de Kelly Key pós Latino com a tradição dos textos pluridiomáticos contidos nas letras do grupo Les Katchup. Agora está aí. Timoneiro em terra de uma trupe que jogou tudo pelos ares para se aventurar, entre outras coisas, na caça ao promotor Igor, armado de uma AR 17, três chiringas rosas de carnaval, bússulas, barômetros, meias, lencinhos e cuecas, além de um potente X-Plod da Sony, só pra tocar marchinhas de carnaval remixadas pelo Paul Oakenfold nas raves que prometeu fazer com toda a sua equipe em Bangcóc.
A culpa.
A culpa é um recurso muito pouco útil, porque ela entra em ação depois que a merda já foi feita. E te faz pagar muito mais caro depois...
E por culpa da culpa, vou tentar contato com o puto do Zé, pra tentar resolver o problema dele.
Só não sei ainda como ele vai me dizer aonde está.
Zé. Você está me ouvindo? A porra do GPS está setada errada, compreende?
Aonde você está?
Das cinco coisas que eu mais gosto, três tem pelo menos um botãozinho. Só por isso o Zé acha que eu posso resolver qualquer problema informático-tecnológico que ele tenha.
Acontece que eu não consegui de jeito nenhum configurar o GPS do Zé para operar direito. O bagulho ficou setado para coordenadas héliocentricas. Devolvi assim mesmo, o cara deve estar perdidinho...
Diário de bordo. 15º dia.
Selma estranhou o fato de eu ter ficado com Celeste na noite anterior. Enquanto todos dormiam, ampliou ao máximo o som do Judas Priest. E o pior, ligou o Abtronic
no eixo central do balão detonando a maior turbulência registrada até aqui. Com o chacoalhar, o bico do seio da Ellen Roche, estampado do lado de fora da lona, chamuscou. Corremos um sério perigo. Quando acordamos, Selma estava nua. Parecia fazer uma Kundalini. Seus peitos gordos balançavam frenéticamente deixando a impressão que as borboletas tatuadas neles ganhassem animação. Parecia estar furiosa. A visão que tínhamos da terra era a de que um terromoto estava levando a civilização pro saco. Desliguei a porra do Abtronic e corri até o Jorge. Pedi a ele os tranquilizantes guardados no armário 6. Pegamos o Dormonid. Chamei o Anselmo para que me ajudasse a segurar a gordinha e enfiamos 4 comprimidos em sua boca.Certos de que a coisa tinha descido pela goela, sentamos para ver a performance de Selma esvaziando até se desmanchar no assoalho como uma água-viva. "A geléca revemetal sucumbiu", gritou Anselmo. Isso me deixou irritado.

Diário de bordo. 16º dia.

Anselmo veio com um papo bom hoje. Falava sobre o processo de absorção de pesquisas
não-figurativas como componentes na construção do espaço humano.
baloon is big
baloon is round
baloon is floating up
baloon is the universe
baloon is a bit ackward
baloon is floating in the sky
baloon is an opengl 3d engine
baloon is rubbed on your head
baloon is at a height of 3000 m
baloon is exploded in the hallway
baloon is quite small when packed
baloon is possible as an additional option
baloon is rising with a velocity of 12 m/sec
baloon is one of the best known french films
baloon is launched to carry the radiosonde aloft
baloon is popped it will release a very disgusting scent
baloon is positioned which is then inflated to dilate the stenosis
baloon is a good example of the students' flourishing imagination
baloon is used to gently push membranes back into uterine cavity
baloon is inflated automatically with a mixture of hydrogen and air
baloon is filled to capacity its shape is actually similar to an egg's
baloon is placed too disturbingly close to man's ear i think
baloon is one of several outlet port configurations
baloon is moving upwards at constant speed
baloon is inflated to hold some instruments
baloon is the incharge of this department
baloon is such a fucking great song
baloon is rising at a constant rate
baloon is merely a lathed spline
baloon is landing on the beach
baloon is twittering screaming
baloon is very popular now
baloon is mocking you
baloon is the problem
baloon is a joy

Googlism

28.11.02

Impressionante. O balão totalmente inflado no meio do parque ficou realmente uma coisa monstruosa. Assustadora mesmo. Desproporcional.
O Zé Luiz continuava com o gorrinho peruano e estava pulando mais que macaco que fumou crack. A menina tatuada também iria tirar o brevê, estava tranqüila, sentada em posição de lótus no meio da grama, ouvindo seu walkman. Seu Juvêncio chegou de CB400 trazendo uma caixa de charutos pro Zé, um girassol pra menina e uma caixa de nhá benta pra mãe da guria.

No final, a picape que arrumaram pra mim foi um gurgel velho com uma caçamba adaptada ainda cheia de garrafões de água mineral vazios. Passei no depósito do Zé, lá no Glicério, pra pegar o balão e as coisas (me lembrem mais tarde de descrever a tranqueirada inominável que está acumulada naquele galpão!).

Além do balão propriamente dito, o Zé levou o aparelho de som dele com as seis caixas acústicas e o subwoofer. Ele insistia para que tocássemos o "Assim falou Zaratustra" quando o balão decolasse. Mas o CD que estava na caixinha era um do Padre Marcelo Rossi. Coloquei pra tocar assim mesmo. O Zé estava tão empolgado que nem percebeu a diferença.
Diário de bordo. 14º dia.

Dormi abraçado à Celeste. Uma mão segurando o livro de Paul Auster e a outra aquecida entre seus peitos médios, com bicos rosados, oblíquos, ligeiramente apontados para cima.
Cheguei a sentir um certo tesão no meio da noite, mas me contive, respeitando a menina que faz chás matinais saborosíssimos. Percebi Anselmo, ao nosso lado, tentando pegar algum tipo de flagrante, já que duas noites passadas ele e Celeste conversaram muito sobre o ciúme e a dificuldade do relacionamento dele com outras meninas. A sua incapacidade de aceitar a liberdade do outro e a fantasia que a insegurança produzia nele, o afastava de qualquer uma, mesmo sobre o signo de uma paixão acelerada.
Conversaram horas enquanto eu arrumava os barbantes de sustentação das bases do balão.Via em Alselmo o desejo de se lançar para Celeste, apagando anos de carência e desconforto produzidas pela solidão. A perspectiva que se via ali era apenas de amizade, coisa que ele não percebia. Seus olhos vibravam como se um furor interno estivesse prestes a explodir. Sua voz, vez em quando, falhava, embargava, atropelando o sentido das palavras. Não cheguei a ter dó de Anselmo, mesmo porque aquilo parecia um esconderijo onde ele se abrigava sempre que tais situações apareciam na sua frente. Pensei na possibilidade de ele chutar o balde dessa culpa dolorida e avançar sorrindo sobre Celeste. Isso seria mais fácil, não uma desrazão. Beijá-la sem piedade. Lambê-la até extrair a bala que tava na boca da sua alma. Esfregar os olhos nas coxas brancas dela.

Senti que estava comprando, em silêncio, os problemas de Anselmo. Desci do banco que me apoiava, firmei os barbantes na alavanca de segurança e me virei para o lado mais azul do horizonte. Selma se aproximou de mim. Os piercings colados ao seu rosto tinham um tom alaranjado, fruto dos raios sol que caiam a oeste do balão. Me disse que a comida era pouca para o tempo que tinhamos até chegar a uma base de reposição, propondo uma racionamento já previsto pelo Jorge. Acalmei-a, dizendo que as coisas estavam caminhando conforme o planejado. Ela discordou. Citou o vento da noite, deflagrando uma otite mal curada desde que saímos do Campo de Marte. Resolvemos então improvisar um aparador perto do colchonete de Selma.Me agradeceu com um belo beijo na boca, onde eu pude sentir uma bolinha de metal presa em sua língua. Eu e Selma estamos desenvolvendo uma relação legal, desde a brincadeira que fizemos com o Abtronic. Apesar de gostar de rock pauleira, nos damos bem. Regularmente meus gibis e até uns chocolatezinhos que ficam armazenados no frigobar, são dividos entre eu e ela. De vez em quando sentamos junto ao Jorge, que traz estórias fantásticas da empresa em que trabalhou e diz só sentir saudades das partidas de bilhar depois do expediente
e das festas de fim de ano, onde ele terminava a noite ralando com a filha da mulher da faxina.

Acordei. Uma ligeira cãimbra tomava meu braço. Retirei a mão dos peitos de Celeste duvidoso do seu enrijecimento. Poderia ser o frio da madrugada. Apostei nisso.
Perdi os posts mais antigos.
O Blogger não salvou na página automática dos arquivos.
Alguém sabe por que isso acontece??
E como recuperá-los???

Obrigado
A propósito,
Depois da conversão do Maurício ao Islamismo, uma campanha difamatória contra a minha pessoa começou a pipocar neste blog.
Houveram certos comentários impertinentes e certas coisas precisam ser bem esclarecidas:

1) Não tenho asas, qualquer exame visual ou táctil por mais descuidado que seja, pode constatar este fato.

2) Nunca tive asas. As cicatrizes em minhas omoplatas têm outra explicação.

3) E mesmo que as possuísse não as utilizaria, devido à minha já notória acrofobia. Não gosto nem de passar perto de aeroporto. E em elevador panorâmico fico rezando olhando para a porta.

4) A coisas que eu "fumo, cheiro ou bebo" não são difíceis de conseguir.

5) Eu tenho um bom álibi para a noite de 17 de Agosto.

6) Esqueci...

27.11.02

O Zé Luiz, num rompante inusitado de senso estético, tapou os horrendos logotipos da Corel de ambos os lados do balão. Conseguiu na Agência uns banners plásticos gigantes. De um lado ele colocou uma Ellen Roche de 3 metros segurando os peitos e do outro ele encontrou (não sei como) um Mister Magoo mostrando a língua. Realmente, não ficaram feios os remendos, mas dependendo da forma com que bate o vento a Ellen Roche fica mais peituda ainda. Como diria Edson Confúcio Curi: "É disso que meu povo gosta!"

Amanhã conto da "decolagem" do balão.
Meu! Tem essa vizinha minha que é um negócio! Hoje de manhã eu tava me trocando no quarto e olhei pela janela... Lá estava ela, pelada da cintura pra cima, passando aspirador no chão. Que tara! Faxineira peladona... Será que ela tem tesão na mangueira do aspirador? Mas acho que não... Ela gosta de limpar o vidro com os peitos pra fora também. De qualquer maneira, janela é meio vitrine mesmo, né? Mas aí, bom, já tinha até desviado da dona pra uma outra senhora que tava tomando um solzinho no terraço (que eu não tenho!) do flat, quando passou o maldito balão no céu. Pra falar a verdade, a manhã toda já tava meio estranha, mas acho que eu vi alguém trepando no balão... Tem cada uma que parece duas. Ou mais. Será que alguém me viu?
Bem lenbrado. Preguiça.
Nota de bordo. 13º dia.

Gostaria de pedir desculpas pela brincadeira infame ocorrida no Diário nº 12.
Prometemos que a partir de agora não vamos ter preguiça de acabar nossos textos.
Muito obrigado.
Diário de bordo. 12 º dia

Vou falar do Jorge. O Jorge embarcou com a gente porque estava desempregado -
depois de 12 anos trabalhando na West Control, empresa do grupo Malevéia Ltda. e
que hoje controla o acesso de mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo sem ferir o
direito de ir e vir de ninguém. Com larga bagagem em livro-caixa e abridor de arquivos de lata, ele aceitou nosso desafio. No teste de percepção que fizemos com ele antes do embarque,ficou claro a posição que iria tomar perante o grupo: ficar agachado durante toda a viagem arrumando as coisinhas que iríamos levar, como pasta de dente, papel higiênico, o chazinho da Celeste, os disquinhos de révemetal da Selma, o aparelho de barbear do Anselmo e os meus gibizinhos. Pois bem. Coisa de louca, não? O Jorge está aqui, agachadinho. Supergentefina.Come pouco, dorme pouco. Um amor de pessoa. Nem parece gente. Mas é. Quer ver? Então pega aqui. Ah, ah, ah.
Diário de Bordo. 10º dia

A Sorveteria Ora Bolas tem muita história para contar.Uma história recheada de grandes momentos . São muito anos de uma história sempre jovem, sempre para melhor satisfazê-lo.. Saiba um pouco mais da Ora Bolas em nosso site, você vai descobrir coisas muito interessantes sobre as nossa marcas, momentos e imagens que mostram como a Ora Bolas está sempre presente nos bons momentos. www.orabolas.com.br

Por favor, entrem neste site e clique em produção.
Diário de bordo. 9º dia.

Falei pra Selma fazer uma chupeta em mim com o abtronic na cabeça.
Foi du caralho. A gordinha é foda.
Diário de bordo. 8º dia.

Benhê, você tá com saudades de mim?
Te amo muito, viu. Ah, fala pra minha mãe que a viagem aqui tá ótima
e que o pessoal é superlegal. Eles vivem contando piadas. Beijoca da tua
eterna Celeste.
Diário de Bordo. A Celeste lembrou: 7º dia.

O dia está linda. Após a comovente canção de Selma, que embalou todos para uma noite
de sono tranquilo, acordamos com a sensação de que alguém nos persegue em terra.
Fomos ao Bubbles. É real. Vimos uma turminha de jovens fumacê seguindo os ares do Balão.Achei muito bom isso. Agora já posso mirar daqui de cima a cabeça da moçada e lançar o Pablo Neruda da Celeste. Só pra confessar que vivi.


Hoje realizei um sonho antigo. Conheci ao vivo e em 3d uma dançarina do Edson "Bolinha" Curi. Uma lourazona de farmácia, balzaca, é verdade, mas ainda bem gostosa. Potrancona! Ela foi levar a filha, que é a menina que vai ser a co-pilota do Zé. A guria é inteirinha tatuada, parece um álbum de figurinhas. Acho que chama Selma, não entendi direito, ela está sempre mascando chicletes e escutando rock pauleira no walkman. Não é de muito papo. Ao contrário do Seu Juvêncio, que é gago mas capaz de estabelecer longas conversas com apenas duas frases. A ex-dançarina do Bolinha não teve paciência com o Seu Juvêncio e foi chupar um picolé de graviola. Eu teria ido também se não tivesse que ficar consertando o GPS que o Zé deixou pela segunda vez seguida debaixo do bujão de gás. Mas passei o dia inteiro cantarolando "Bolinha, Bolinha, está na hora de você virar galinha..."

26.11.02

Olha, todo mundo fala do Zé Luiz, mas eu vou dar uma palavrinha sobre o Flávio.
Quem não entendeu ainda eu explico. Ele é o anjo da guarda do Zé Luiz. Não assim no sentido figurado como nossa estupidez pode conceber. Ele é um anjo mesmo, com asas e tal. Ele tá mesmo precisado de grana, mas é pra bancar o acesso internet por linha discada dele (banda larga não chegou no céu ainda, e o interurbano de lá ficou super caro depois da morte do Chico Xavier), além de umas coisas que ele fuma, cheira ou bebe, e que são muito difíceis de conseguir lá onde ele mora. É exatamente por isso que ele ainda acompanha o Zé, mas só pra descolar umas coisinhas, e depois ele fica viajandão por uns dias...

Muito loco os cara...
Tá bom, tá bom. O Zé Luiz NÃO é um idiota completo. Tanto é que ganhou o prêmio de fotografia da Corel com as fotos aéreas da Antártida tiradas de um ultra leve (fantásticos enquadramentos, mas o que fazia um pingüim a 50 metros do solo?). Ele adora essas coisas que voam, pulam, submergem, correm e freqüentemente caem, quebram, afundam e explodem. Qualquer atividade em que seja absolutamente fundamental o uso de capacete o Zé Luiz vai experimentar e se possível, filmar ou fotografar.

Quase sempre vou de anjo da guarda pra tentar salvar a carcaça do infeliz, mas tenho que confessar que no final, por tramóias do destino, sou eu que acabo tomando 5 pontos na testa, engolindo gasolina, pernoitando em uma delegacia de Bangcoc, sendo mordido por um javali ou ficando com o tribufu mais feio, enquanto o Zé sai bonito na fita e acaba sempre comendo a mais gostosa.

Essa história do balão veio no momento em que já estava pensando em aposentar as asas e auréolas. Mas o Zé Luiz disse que iria rolar umas fotos pra Trip e talvez National Geographic e também uma graninha (estou necessitadíssimo, depois eu conto), e acabei aceitando fazer parte da equipe de apoio, indo de carro aonde o balão irá certamente se chocar com um prédio e cair na minha cabeça.
Sob uma escura e fofa cumulus nimbus, Selma pega o megafone e começa a cantar uma bela canção:

Shooting for the stars
Cruise the speed of light
Glowin god of Mars
Body burning bright

Well I'm ridin', ridin' on the wind
Yes I'm ridin', ridin' on the wind

Tearing up through life
Million miles an hour
Blinding all in sight
Surging rush of power

Well I'm ridin', ridin' on the wind
Yes I'm ridin', ridin' on the wind
Ridin' on the wind! Ridin' on the wind!
Ridin' on the wind! RIDING ON THE WIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIND!

Thunderbolt from hell
Shattering aloud
Screamin' demons yell
Bursting through the clouds

Well I'm ridin', ridin' on the wind
Yes I'm ridin', ridin' on the wind

25.11.02

Olha bem que a tal plantinha da mesmo uma lerdêza braba. Passou um careca de balão por aqui acenando prum helicóptero...
Como a gente fala aqui em minas: Cô di Lô!
Rá! Claro que estava demorando!!
O Zé Luiz apareceu aqui sem um pêlo sequer na cabeça. Ao inflar o balão, um jato de fogo incineriou as suas sobrancelhas e toda a franja ficou pixaim, parece-me. Então o rapaz achou por bem rapar toda a cabeça. E cismou de usar um gorro peruano com motivos de lhama. Está parecendo uma mussarela de búfala de outro planeta, absolutamente indescritível. Veio acompanhado pelo Seu Juvêncio, o bigodudo – que para um gago estava bastante falador – ambos cheirando à estrume e pinga de Montes Claros.

E o pior: se o próximo fim de semana fizer tempo bom, o Zé tira o brevê!!!
Diário de bordo. Acabou, a gente a partir de agora não sabe mais em que dia tamo.

O céu está azul. As árvores lá embaixo florescem. E daí? Eu quero é falar da Selma,
amiga da Celeste que resolveu embarcar com a gente nesta viagem. Pois bem, a Selma é uma gordinha baixinha cheia de tatoo e piercing. Adora Judas Priest. Só ouve os caras ligando o ab tronic na cabeça. Acho que ela tá meio a fim do Anselmo (o cara parece o Comar). Gente boa ele.
Diário de bordo. 2º dia.
O chá de Celeste parece bom. Já passa das 2 da tarde e todos continuam dormindo.
Menos eu, claro, que ainda um pouco sonolento vi à direita o comandante Hamilton, de dentro do seu helicóptero, acenando para mim. Parecia dizer alguma coisa, mas não dei bola.Revi minha arrogância. Afinal, é o comandante Hamilton que estava ali. Nosso balão flutuava pelos céus a 3.000 pés de altitude e 300 cordas de longitude, quando já bem próximo o comandante berrou: "Hei, estamos ao vivo!".
Eu - E daí?
CH - Estamos ao vivo!
Eu - E daí, porra?
CH - Estamos ao vivo! SBT! Sônia Abrãao!
Eu - O til do Abraão você coloca no terceiro A da palavra, seu burro!
CH - Tudo bem. Ninguém vai perceber.
Eu - Mas tem que corrigir isso.
CH - Tá bom, o que vc quer que eu faça.
Eu- Volta a fala.
CH - Você é louco!
Eu - Volta a fala.
CH - Estamos ao vivo! SBT! Sônia Abraão!
Eu - Ok. O que vc quer?
CH - Dá uma acenadinha.
Eu - Acenadinha?
CH - É. São milhões de pessoas ligadas no nosso programa e eles esperam por isso.
Rapidamente me abaixei , deixando apenas minha mão balançando para o comandante
hamilton e seus milhões de telespectadores.

Diário de bordo. 3º dia.
Acordamos com a incrível história contada por Celeste.
Disse ela que um tal de Pedrinho Reshentofzz foi sequestrado num cybercafé
de Goiás e depois foi morto a pauladas pelos pais adotivos. Isso tomou todo
o nosso terceiro dia.

Diário de bordo. 4º dia.
Checando as lentes Lewis Carrol de nosso Telescópio Bubbles
percebemos um crioulo branco com cabelos alisados e nariz fino balançando um
pacote branco na janela de um hotel na Alemanha. Focamos as lentes e
nenhuma surpresa: era o Michael Jackson colocando seu filho pra soltar
pum do lado de fora do quarto.



Nota de esclarecimento

Eu, Zé Luiz, que detenho nome e senhas em mais de 12 lugares diferentes
não consigo mais me achar em nenhum lugar. O motivo é que depois de se
interessar pela pintura de Jackson Pollock, minha cabeça virou uma action
soap. Sendo assim, tais senhas são diferentes umas das outras e o que é
pior, ignora sempre os dispositivos de "salve essa porra pra você que é um
idiota nunca mais esquecê-la". Pois bem. Após tentativas frustradíssimas de
criar novas senhas e acabar caindo em outro lugar, peço agora a ajuda dos
companheiros para que consiga publicar seu diário de bordo no blog "Ora
Bolas", sem ter que incomodar o tal do Malezin (que acabou assinando um
texto extremamente idiota por culpa do idiota aqui) e o tal do Ratapulgo,
que, na calada da madruga, preenche o tal do Ora Bolas com seus textos
transcotidianos cheios de fumacê. Prometo que no Natal, darei aos dois um
pufizinho para celular que está a venda no Shopping Morumbi.

Desde já, agradeço.
Já gozei de boa vida
tinha até meu bangalô
cobertor, comida,
roupa lavada,
vida veio e me levou.

(O Velho Francisco - Chico Buarque)

Ontem tivemos no bar uma cena constrangedora.
Cheguei atrasado, e esqueci de fechar a caixa do violão e encostá-la à parede, como costumo fazer. Numa mesa próxima ao pequeno tablado -- o qual chamamos, meio com ternura, meio com ironia, de palco -- estavam sentados alguns homens de meia-idade, todos engravatados. O bar fica numa área de muitos escritórios, e é comum aparecerem estes grupos por lá. Chegam para o happy hour e sentem-se meio deslocados. Fazem muito barulho e são os que ignoram os músicos mais ostensivamente. Pois então, estavam lá os homens de negócio com sua bablbúrdia habitual e eu tocando Samurai, do Djavan. Ao terminar a música, o mais bêbado deles veio cambaleando e jogou uma nota de cinco reais na caixa do violão. Fiquei sem reação nenhuma: Não sabia se era alguma brincadeira besta ou se ele acreditava mesmo que era para isso que a caixa estava ali. O silêncio que se seguiu -- denso e incômodo - foi quebrado pela voz do Preto Velho:
-- Toca Rosa, filho.
O Preto Velho aparece todas as sextas-feiras. Vem sempre de terno branco e chapéu, pede uma cerveja que leva uma eternidade para terminar e pede sempre alguma música da velha guarda. Eu atendo na medida do possível, já que canções assim não são muito freqüentes em meu repertório, embora as aprecie. E quando eu toco a música pedida, ele acompanha apenas movendo os lábios, de olhos fechados. Uma ou duas vezes eu acho que o vi chorando.
Não sei nada sobre ele, e nem sei se quero saber. O olhar dele quando termino uma de suas músicas é melhor que qualquer aplauso. E agora devo mais essa a ele, me fez até esquecer do acinte que foi o dinheiro jogado a mim, como se eu fosse uma foca amestrada ou coisa assim.
Mas confesso que depois de tocar, parte de mim ficou esperando que o homem viesse me trazer outra nota. Não me censurem, são tempos difíceis.

chibatado pelo Chicote Verbal
Eu sonhei que a minha dentista estava analisando uma foto do meu cu. Ela colocava a foto naquela luz onde se colocam as radiografias e ficou analisando. Bizarro, né?

iluminado pela abstinência (quase) total
Incrível que eu não tenha sido eletrocutado, já que pelo menos meia dúzia dos ribombantes raios caiu a menos de 50 metros de onde eu estava: uma construção de aço no meio de um estacionamento.

faiscado do Mario AV
..seria tudo...
dia cansativo apesar de não ter feito nada...preciso relaxar...estou fumando um...minha tpm parece que voltou...ops...parece que já foi tbém...hehehe...a erva fazendo efeito....ele tá com a mão no meu peitinho...estou de regata rosa (meeeiga!) e calcinha preta...ele?, do jeito que eu mais gosto que ele fique, de cuequinha branca...com a barba sem fazer por uns dois dias...chupando meu pescoço...lambendo minha nuca...eu aqui postando...por enquanto..............................
peguei no pau dele por cima da cueca...gostoso...ele colocou o dedo na minha calcinha e tá apertando...pressionando...quer tirar minha regata???....hahaha...tira...pega no meu no meu peito...
ele tá se masturbando pra mim ver...pau gostoso...ele bate punheta de uma maneira selvagem que tá me deixando bem excitada...
é uma delícia ver alguém se dando prazer...eu amooo....ele tá me chupando ... o recado surtiu efeito imediato..vou aproveitar...
Safadinha vai trepar...

eflúvios do Breathing sex...
Outro dia foi engracado tambem. Estava eu num supermercado bem grande, cheirando umas essencias para banho, quando uma voz bem grossa e autoritaria me tirou a concentracao: "Nao va comecando com essa mania de colocar tudo o que ve pela frente na boca nao, viu?". Eu me virei ja pronta para me defender dizendo que eu so estava cheirando, quando vi que se tratava de um senhor falando com o filhinho de uns quatro anos, + ou -, que ja tinha enfiado metade do desodorante na garganta.

direto de London, London
A festa lá do Stripper of the Year foi bem legal. Rola muitas performances além dos stripteases normais e tradicionais e alguns são bizarros, criativos, engraçados. Estou na final, que rola daqui a 3 semanas e estou contente por ter participado do evento. Não rola grana mas o público é diferente do que temos no dia-a-dia e a sensação é de estar num show bem produzido. A gente se sente meio estrela e é bom dançar para uma galera que nunca foi num club/pub de strip.

E a mulherada dos lugares onde trabalho entrou numas de tomar remédio para emagrecer. Quando soube da nova moda, expressei logo minha contrária e veemente opinião. "Basta comer direito e se exercitar". Claro, que vindo de que quem aparentemente não tem nenhum problema com a balança, a alguns não entra fácil. E não é que uma das tomadoras de moderadores de apetite - que faz parte do meu restrito círculo de colegas-amigas - passou todo o dia ontem, gentilmente, dando-me chocolates (coisa que nunca antes ela fizera) . Talvez eu esteja imaginando coisas, mas interpretei isso como uma, talvez inconsciente, medida de me fazer passar para o outro lado...

despido do Naked Emotions
Nunca ouvi de uma pessoa que tenha feito endoscopia e tomado essa injeção que ela não gostou da chapação e/ou que não pensou em ter mais um desses tubinhos por perto. Fiquei com vontade de pedir uns tubinhos desse sedativo para a enfermeira, mas fiquei com vergonha...

Eu também não dormi, fiquei numa boa, mas totalmente relaxado, paz total. Terminado, saí andando do consultório. Mas era como andar nas nuvens.

selecionado de todos os cães merecem o céu
EU TAMBÉM SOU CONCRETISTA

Mudei radicalmente minha opinião sobre os poetas concretos. Agora, também quero ser um deles: deve ser uma delícia fazer auto-elogios sem nenhum escrúpulo de consciência, ser "de vanguarda" por 50 anos e viver cercado por gostosíssimas estudantes de semiótica. Antes, eu acreditava que o concretismo era uma espécie de clube privê de cujas vantagens eu não podia desfrutar. Que crasso preconceito o meu. Súbito descobri que, para exibir orgulhosamente meu título de sócio do clubinho concreto, bastava compor poemas com o mínimo de palavras e o máximo de exegese. E, como já mandei a modéstia às favas, asseguro que na primeira tentativa alcancei as alturas da obra-prima. Mas julguem vocês mesmos. Primeiro, o poema:



Não perceberam a genialidade da coisa? Ah, claro, vocês não têm as referências necessárias. Então aqui vai a análise, para que vocês captem a multiplicidade de sentidos dessa maravilha.

1) Em português, palavras como "cu", monossílabo tônico terminado em U, não levam acento. Sua inclusão, portanto, é uma transgressão da norma gramatical que visa ressaltar o aspecto ideogrâmico do CÚ, com base na poesia de Pound e nos estudos de Fenollosa. Assim é que o acento sobre a letra U assume caráter fálico e reproduz iconicamente uma penetração anal, fazendo com que o poema possa ser lido como "pau no cu".

2) O próprio desenho das letras permite outras interpretações igualmente interessantíssimas. O C representa o sujeito- curvado-sobre-si-mesmo, alheio a tudo aquilo que não seja sua eterna contemplação narcísica. O U, por sua vez, é uma letra aberta para cima -imagem do sujeito ávido pelo contato com o mundo exterior e buscando compensar a falta que, no entanto, o constitui, como diria Jacques Lacan. É por essa abertura ínfima que o acento-pênis transgressor se introduz. Contra a natureza e contra as leis da gramática, o CÚ se afirma como sujeito subversivo, revolucionário e, sobretudo, baitola.

3) O poema também se inspira nos ready-mades de Marcel Duchamp. Assim como um penico pode ser exposto num museu, também o CÚ, clássico grafito de banheiro, pode ser elevado à categoria de poesia e questionar de maneira instigante (eu tinha que usar esse adjetivo) as fronteiras entre arte e antiarte. Outra influência evidente é Mallarmé, com seu poema "Un Coup de Dés Jamais n'Abolira Le Hasard": a palavra "coup", como vocês devem saber, pronuncia-se "cu", e a poesia da modernidade jamais teria sido a mesma sem o "coup" do Mallarmé.

Vou ligar amanhã mesmo para Haroldo, Augusto ou Décio para exigir minha carteirinha de sócio. E ai deles se não gostarem da minha obra-prima. Que enfiem o dedo nela e rasguem.

colhido da |
"Só porque ninguém está ouvindo, não significa que não deva ser dito".
Shugueki

lapidado no Vale o Escrito
Veio uma pergunta: "Tu é o amigo carioca da Clarissa?". Sou, respondi. "É vc que tem os bichinhos?". Sou, p q?, respondi tb, né. As figuras foram abaixo de rir. "Ué, vc nao tem cara de quem tem bicho de pelúcia", disse uma com surpresa. E daí, pra ter bicho assim tem que ter cara?, disse na boa e surpreso com a surpresa das pessoas.

Tenho uma capivara de pelúcia sim e daí? Vai encarar?

relatado pelo Preto, Pobre e Suburbano
A Sônia é professora da Fundação... 5a à 8a... Ela não quer ter filhos... Me incentivou a sair de casa, nem que eu vá morar com eles lá em São Sebastião... Nunca questionei o modo como minha mãe nos trata... É extremamente controlador... Sempre me achei um sangue-suga, lembrei que o pai perde uma parte do salário dele que é razoável depois de mais de 20 anos no Senado... Não é senador... Nem sei o que ele faz, nunca me interessei... Pois então, eu me sentindo um inútil completo enquanto estou sendo explorado pela minha própria mãe, que "cuida" do nosso dinheiro. Penso em falar com o meu pai, seja para me consagrar um inútil dispensando a pensão, ou um playboy criando uma conta num banco para receber a grana... Acho que ele fez algum curso de direito... Foi quando ele estava pensando no divórcio... Eu tentando juntar as peças do meu quebra-cabeça...

exalado de Life sucks
De cara ela sorriu. E eu sorri. Ainda arrastava uma cadeira onde mais tarde sentariamos juntos. Eu puxei pra atras da dela, ela alinhou com a minha e ficamos lado a lado, tal qual, Eu e Ela. GUTA et moi.
Sorrimos. Nos olhamos. Estava Cheirosa. Hoje só hoje, cheguei mais perto da boca, do perfume que é dela. De perto o amor é mais diferente.
Se voce ta me achando um cara estranho é porque nao me conhece.
E como ela é cheirosa. deu vontade de ultrapassar um braco e abraca-la de leve, lento. deu vontade, mas passou porque o juizo meu veio antes de eu fazer o que ate hoje espero um dia fazer.

referido pelo pitombeiras lar mazela
Ironia do destino, pra mim, é eu lembrar que eu nao tinha nenhuma foto com a menina que eu gosto. Nem 3x4, nem minha com ela, nem assim que ela apareça nos cantos.
Pois é
Nao Tinha
Pq agora eu tenho
Sabem porque?
Pq eu tirei uma com ela
No dia em que eu soube que eu nunca vou ficar do lado dela.
Nao do jeito que eu quero
E agora essa foto chega aqui em casa.
E eu coloquei-a, ali em cima
Num lugar onde eu sempre olho, quer queira, quer nao
E eu, sinceramente, nao sei exatamente o que sinto quando olho pra essa foto
Nao sei se fico triste pq aquilo ali nunca vai acontecer
Nao sei se fico feliz pq eu tou com ela ali.

Ta foda, cara
Ta muito foda
Eu tou perdido, sem referencia. Assim que me sinto

retirado do Bangulhus
Meu deus! Deixa eu parar de rir! Calma aí!
   Levei o tal cachorro ao parque. Tem longos gramados e crianças a rodo. Se o cachorro for grande, será um bom lugar para ele, mas um inferno para as crianças. E se o cachorro for pequeno a equação se inverte: um inferno para ele, um paraíso para crianças. No caso do rato, a segunda opção era válida. Tinha uma garotinha - de uns 5 anos, mais ou menos - que perseguia o pobre animal a torto e a direito. E, quando alcançava, puxava seus pêlos e balançava-o pelas patas. Ele mordeu a menina, mas ela não pareceu dar muita atenção ao fato. Aplicou-lhe um bom e merecido chute - que inveja (dela, é claro) - e continuou sua divertida brincadeira.
   A mãe dizia para mim "Ela vai machucar seu cachorro... Ana Luízaaaaaaaaaaaaa, solta o cachorro do moço!"
   Eu, entre uma risada e outra, respondia "Que nada, esses animais são resistentes... fica tranquila. Aliás, não é um cachorro. É um poodle. Mas desde quando você está separada mesmo?". Vale dizer que era uma mãe solteira das mais gatas que eu já vi. E consegui seu telefone. Acho que vou chamá-la pra jantar semana que vem.

* * *

   Cachorro? Aquilo não era um cachorro. Era a encarnação da besta do apocalipse. Por isso a moça patinava sozinha, sem ser importunada por gaiatos incômodos. Aquele mastodonte gigantesco vinha a seu lado, babando como um Cérbero. Já tinha conseguido um telefone aquela tarde - pensei - não valia a pena arriscar minha pele, literalmente falando, pra conseguir outro. Obrigado, mas de cachorro já bastava o meu. Se é que pode-se qualificar assim o protótipo de hamster que estava ao meu lado.
   Mas os caninos são animais engraçados. Acho que eles não tem muita noção de sua compleição física. Enquanto aquela massa gigante e babenta seguia seu caminho sem importunar ninguém, o grande e corajoso Floquinho resolveu que era chegada a hora da caça: partiu para cima do bezerro latindo sem parar e arreganhando os dentes. Uh, que grande ameaça! Dava pra ver os joelhos do outro animal tremendo! Tá bom.
   O monstro abriu uma bocarra capaz de engolir minha cabeça e investiu contra o inseto que impedia seu caminho.
   Pensei logo: – Ih, vou ter que comprar outro cachorro pra Claudinha!
Mas qual nada. Floquinho, o heróico, desviou-se da mordida. Aí acho que se tocou de seu tamanho e desandou a correr. Claro que o mamute partiu atrás dele - presa fácil, oras. Eu fui atrás. Sabia que não poderia ajudar o rato em seu momento final, a hora do massacre, mas pelo menos ia recolher uns farelos para provar para a Claudinha que eu não tinha jogado seu pobre animal fora.
   Corremos por uns 70 metros. Rato, Cérbero, eu e Afrodite - já que é pra colocar personagens de mitologia grega -, nessa ordem. Até que vi uma vala. É um local que escoa água do parque para... para... sei lá para onde. Nunca parei pra seguir aquilo. Sei que escoa água, e deve ter uns 3 metros de profundidade. Sem proteção. Ah, vale ressaltar que a água é escoada num filetezinho bem fino. E o protótipo de hamster se dirigia para lá, em linha reta. Quando ele atingisse a borda e parasse ia ser massacrado por seu algoz. Mas ele não parou!
   Eu nunca tinha parado pra me perguntar o que acontece quando um cachorro de 30 centímetros salta para dentro de uma vala de 3 metros, e agora me arrependo por não ter estado perto o bastante para presenciar. Por mim eu iria deixá-lo lá mesmo, mas a moça demonstrou tanta preocupação com o meu cachorro que eu acabei fingindo desamparo.
   Ela me deu seu telefone - he he he... para o caso de alguma despesa veterinária, sabe? -, desculpou-se e foi embora com seu paquiderme. Eu tive que entrar na vala, pegar aquela massa alquebrada, chorosa e enlameada que um dia foi um poodle e caminhar aproximadamente 1 quilômetro até que chegasse conseguisse chegar a um ponto mais elevado, para poder galgar minha saída daquele lodaçal fedorento. Levei o pobre animal ao veterinário, e agora ele está aqui, andando pela casa com uma pata engessada e uma proteção em seu pescoço, para impedi-lo de morder a tala. Parece um abajour com patas.
   Essa figura dantesca, somada à seqüência de fatos que eu vivenciei hoje no parque, vão me dar motivos para rir à toa por um mês!
   Mas acho que a Claudinha não vai ficar tão feliz...

decantado do Sobre nada... e talvez alguma coisa.
Outras chamadas pra capa de Playboy com a Suzane Von Rich&%#@tofen:

- Ela matou por amor. E agora nos mata de tesão!

- Suzane mostra toda a fortuna escondida dos Rich&%#@tofen!

- Muito mais que o simples papai-e-mamãe!

impresso no Foca News

23.11.02

O Zé Luiz estava radiante e todo empolgado com o seu “brinquedinho”. O Seu Juvêncio, o bigodudo gago, o ex-campeão brasileiro de 57, iria iniciá-lo nas artes do balonismo amador. Não sem custos, claro. O aluguel de uma picape, várias viagens a Pindamonhangaba (inclusive uma durante uma noturna tempestade de granizo), a compra de diversos equipamentos inúteis ou úteis mas fora da bitola, uma briga com a noiva e um estouro do limite do cartão foram todas etapas necessárias enquanto eram preenchidos formulários da Receita Federal, curso de brevê da ABB, da Infraero e seilá o que mais. Embora eu considere que o único formulário fundamental seria um exame psiquiátrico detalhado da cabeça do Zé, que a essa altura já estava imaginando como usar o balão como meio de transporte intercontinental.

Pois bem, ao final das contas, esse que vos fala já está oficialmente escalado e cadastrado como equipe de resgate. Eu deveria examinar a MINHA cabeça.
ja abri mao de muita coisa na minha vida. sempre. se nao errei nas contas, vir pra ca significa comecar do zero pela quarta vez na minha vida. sozinha. talvez tenha que comecar do zero pela quinta vez quando eu voltar para o brasil. isto me deixa triste... me deixa cansada e preocupada por antecipacao. me faz pensar se eu nao errei ao teimar em vir pra ca. mas ai, ao acordar hoje eu me lembrei porque vim para ca. nao estava feliz com o que havia conquistado. a ruptura foi necessaria e ao me dar conta de que o que eu esperava de pior eh o que vai acontecer... bom... isto doi... mas se eh a vida... se eh o que esta reservado para mim... bom... vamos la... eu vou dar a volta por cima pela quinta, pela sexta, pela setima... nao vou me cansar... sou uma guerreira... mas as vezes... mesmo os mais valentes precisam de um pouco de colo...

bipado pelo [boop it]
O nome dele era Wladimir... ele era lindinho, japonezinho, parecia o cebolinha!! Era o menino mais inteligente da sala e a tia vivia elogiando-o, todas as meninas da sala eram apaixonadas por ele. Eu adorava qdo acabava a aula e a "tia" nos mandava ficar de cabeça baixa. Eu ficava olhando p/ele e ele olhando p/mim... Um dia eu cheguei na sala e tinha um bombom na minha mesa escrito EU TE AMO (com aquela letrinha de primeira série) e perguntando se eu queria ser a namorada dele. Claro que eu quis!!!!

Era tão lindo, todo dia ele comprava pipoca p/mim na hora do recreio, me empurrava no balanço e às vezes roubava uma florzinha p/mim, de vez em quando eu o deixava pegar na minha mão. Foi lindo!!!! Só q acabou a primeira série, fomos p/segunda e ficamos em turmas diferentes, nosso amor não resistiu à separação.

Eu o reencontrei anos depois na universidade, ele se lembrou de mim, não sei se lembrou q nós fomos namorados, mas foi o namoro mais lindo que eu tive na vida...

rememorado pelo BLÁ BLÁ BLÁ....
Hoje estava pensando: o que fazer nesse fim de semana?? Sem namorado, sem carro, sem macdonald's, sem money... que vidinha... Ai lembrei do texto para formatura, mas estava muito limitada aos meus pensamentos e lembranças... então resolvi jogar pela internet e baixei o Stella, que tem joguinhos Atary, muito legal, mas mal consegui mecher meu pacman e ele era morto pelos fantasminhas, ai fiquei jogando frogger que era bem mais legal, mas enjoei, fui comer eram 14 hs, fiz meu macarrão e o telefone tocou exatas 12 vezes, 2 enganos e o resto não era para mim. Depois de ler o jornal, fui ver TV... que m... , entre Gasparzinho, LSJack e Um dia de princesa, parei em um dia de princesa... pensei seriamente em escrever uma carta para o Netinho (falando nisso, o cabelo dele é cabelo ou é uma pintura??). Entediada, fui dar um jeito nas minhas unhas ouvindo rádio... bicho, Vital é uma m..., agora só passa música baiana no rádio!!! Revoltada, voltei ao João Paulo (aaaaah, Joãozinho é meu pc, eu sempre pensei que ele fosse mulher, mas como tava dando muito problema, percebi que era homem...) e resolvi, num ato de descontrole deletar meu antigo blogger e criar esse novo, com comentários, mas ainda não deu certo, e estou p... da vida com isso. Ai eu penso: o que fazer agora? Estudar ou ver TV?? Bicho, fim de semana é uma droga, nem na praia posso ir porque estou sem protetor solar... alguém me salve...

exclamado pelo Preciso falar!!
Diário de bordo. 1º dia. Segundona.

Após um longo tempo de acenos e lágrimas, deixamos o Campo de Marte em direção sabe-lá-deus-onde. O cheiro de porco queimado ainda tomava o ar quando notamos alguns pichadores a caminho da casa de Suzane Reichtolffz, aquela que matou o casal Reshentolfzz depois de ter jogado o irmão Pedrinho Reifentovz num cybercafé de Goiás.
Também pudemos ver o Zagallo de rayban escuro desembarcando, junto com Aldayr e Blanco, na Coréia de Seul. Estávamos cansados mas felizes, também. Afinal era primeira vez que testaríamos as lentes dos óculos de Lewis Carrol em nosso telescópio Bubbles com o objetivo de encontrar o esconderijo do promotor Igor. Celeste fez um chá. Dormimos.
- Boa tarde, pode me levar até a Pres. Vargas com Av. Passos?
+ Claro meu amigo, levo onde o senhor quiser. Tem preferência pelo caminho?
- Pela praia, seguindo pela perimetral.
+ Tudo bem, o sr. manda!
(observo um ciclista irresponsável que segue em zigue-zague pelo meio da rua...)
+ Estou meio enjoado. Tomei uma cerveja... uma não três. Ninguém bebe uma cerveja. Não gosto de beber e dirigir.
- Não é bom.
+ Principalmente no meu caso. Sou alcoólatra. Não queria mas um colega insistiu... pensei em ir para casa mas como não estava me sentindo mal, resolvi encarar o volante.
- Mas não seria prudente o sr. ir para casa?
+ Ainda é cedo, se eu for agora, vou acabar bebendo mais e ainda arrumar encrenca com a patroa.
- compreendo...
+ Mas eu quase fui, aí o sr. fez sinal e eu parei. É engraçado. isso me acontece várias vezes. Quando estou louco para beber começo a apanhar passageiros. Ontem à tarde estava quase na porta de casa, moro no Flamengo, um sr. fez sinal e me perguntou se eu o levava em Madureira. Perfeitamente meu amigo! Corrida boa. Quase vinte reais. Ganhei um trocado e ainda evitei a bebida. Eu ia num boteco na Correia Dutra.
- melhor assim. (coitado. Ele quer mesmo parar mas deve ser muito difícil quando vira doença. Silêncio...)
+ Esse negócio de amizade é fogo. O pessoal sabe que eu não posso beber e vive querendo me pagar cerveja.
- Talvez eles tenham o mesmo problema mas o senhor está lutando para parar. Vá dando desculpas. Já procurou um grupo de ajuda? o AAA por exemplo?
+ Não. Acho que não preciso.
- Talvez não, mas não custa ir dar uma olhada não é verdade? Às vezes é o empurrãozinho que falta...
+ É talvez. Vou pensar nisso.
(O papo muda de rumo, falamos de preço do pedágio, estradas... ele quer ir para Cabo Frio no feriado. A corrida termina.)
- Quanto é meu amigo?
+ R$ 9,20
(dou uma nota de R$10,00..)
- Está certo, boa tarde e obrigado.
+ Vai com Deus doutor, saúde.
- Para o senhor também.
(o taxi segue e fico torcendo para que ele arrume outro passageiro rapidamente.)

escrito no Papel de Pão
o que me faz lembrar...
somos tão legais! somos modernos, bacanas, "da paz", 99% confiáveis, bons profissionais, blogueiros, românticos, clientes do Banco Real. escutamos Caetano, estudamos Rimbaud, temos discursos prontos, inúmeras metáforas, comentários inteligentes e muito o que falar. merecemos ser manchete, cartão postal, entrevistados pelo Jô. não perdemos a esperança, nem a cabeça, não incendiamos apartamentos, nunca fomos supreendidos às 14hs44min da tarde chorando solitários dentro de um quarto de motel. nos comportamos como crianças e não como putas na boca do lixo ou traficantes de influências no Planalto Central, estamos dispostos a correr perigos e perder todos os sentidos, sem esquecer de levar os velhos para tomar sol e alimentar com o nosso carinho os bichinhos de estimação e as plantas no quintal. estamos cansados desse mundo raso, careta, sem imaginação. queremos gritar para a vida: -- vida, me leve! sim... mas seja leve e venha pronta como eu quero, embrulhada em um papel azul. ah! somos tão legais!

saído pela Porta Lateral

22.11.02

Hoje caíram uns pingos de manhã. Sempre que chove aqui em Santa Lúcia aparecem umas plantinhas engraçadas no nosso pasto. Nunca vi plantinha mais esquisita, elas adoram bosta de vaca. O Teixeirinha e a Vanir me falaram que o gosto é ruim, mas que dá uma lerdeza sem tamanho.
Vou comer uma e já volto...
MEUS DIAS NESSA ILHA DESERTA ESTÃO CONTADOS
por Bruno Galera

Em mais uma de minhas incursões ao coração da cidade de Porto Alegre, decidi desvendar os mistérios daquela caixa feia e suja que fica ao lado do Mc Donald´s da Rua dos Andradas. Um bagulho que parece um um shopping, e que realmente se chama "Centro Comercial Rua da Praia".

Entrei e imediatamente subi a primeira das escadas rolantes que subia. Sim, porque tem umas que descem, também. Enfim, me elevei até o próximo andar acima do térreo.
Logo que se chega ao próximo andar, percebe-se que o arquiteto que desenvolveu a estrutura interior do prédio não ligava muito pra coisas simples como LÓGICA e ORGANIZAÇÃO. A disposição de corredores e lojas é totalmente caótica e não obedece a nenhum padrão previsível ou mesmo aceitável prum ser humano médio.

Duas escadas levam para um mesmo andar, lado a lado. Duas escadas separadas por PAREDES. Além disso, é impossível achar as escadas rolantes ou saber qual o destino a que elas remetem o visitante, já que muitas delas atravessam dois andares de uma vez só. Desesperado e tentando alcançar novamente o andar térreo, por onde teoricamente entrei, dei QUATRO VOLTAS em torno de uma farmácia. Não suportando mais a tontura e o absurdo de estar perdido dentro de um shopping center, rumei até uma porta dupla que levava pra algum tipo de lugar escuro, tal qual um estacionamento, só que SEM CARROS. À essa altura, meu medo me fez recuar e tentar a sorte em descobrir minha localização com um dos vigias SEM FARDA do local.
--"ONDE CARALHOS É A ESCADA ROLANTE"?
Não acreditando na resposta bonachona e aparentemente simples do despojado segurança, fiz meu próprio caminho. Confiante como um BOI, atravessei multidões, pisoteei crianças e driblei bad boys do funk, até finalmente atingir meu objetivo. "A escada rolante ao lado da que usei para subir deve descer até o térreo", pensei. Qual não foi o meu choque ao ver que AMBAS as escadas tinham a função de levar os transeuntes para RIBA. Não parecia haver nenhuma forma de se descer que não fosse indo contra o sentido da esteira que trazia mais e mais consumidores para o piso superior.
Sem mais esperanças de sair daquela PIT TRAP, entrei na farmácia e implorei por socorro, mas não sem antes dar uma disfarçada comprando um pacote das camisinhas em promoção e um punhado de chicletes VALDA. Uma das atendentes, muito solícita, me deu algumas indicações, que eu acatei prontamente. Entrando numa espécie de VÓRTEX, consegui sair daquele andar nefasto. Só que não fui parar no térreo. Algo como um SEMI-PISO abaixo do dito cujo e acima dos restaurantes é onde eu fui cair.

"Dane-se", gritei, enquanto dava uma geral pelo ambiente. Essa parte do shopping era repleta de SORVETERIAS e FLIPERAMAS, indicando, talvez, a lógica da minha localização. Devia ser algo como uma praça de lazer pra depois do almoço. Entrei numa grande porta de onde ecoavam ruídos eletrônicos procurando por gente DE BEM.

Aproveitei a chance para dar uma conferida nas últimas TENDÊNCIAS da cena GAMÍSTICA mundial.
Cogitei a possibilidade de desafiar um guri de uns 14 anos que socava violentamente os botões da máquina "Capcom vs. X-Men" (um "clone de Street" com o PLUS de agregar personagens dos dois mundos do título), mas meu instinto de proteção à honra falou mais alto e eu recuei.
Resolvi jogar um Street Fighter Champion Edition, clássico das antigas e grande precursor da onda de BRAWLERS que perdura até hoje. "Nesse eu sou fudido".
Pra não arriscar uma derrota humilhante logo de cara, escolhi o KEN, aquele americano loiro que parece o He-Man de robe e que tem uma boa média geral de força e agilidade. Logo de cara enfrentei o Zangief, RUSSO PRETO temido pelo famoso PILÃO GIRATÓRIO. Tão famoso que o primeiro movimento que o CARINHA controlado pelo computador fez foi justamente esse, DRENANDO minha ENERGIA pela metade. "Filho da puta!", berrei. "Agora vou te baixar-lhe um Tatsu-Maki-Senpu-Kyaku". Enquanto isso, uma pequena multidão se reunía à minha volta pra rir daquele evento GROTESCO: um magrão de camisa de JOGADOR DE RUGBY suando feito um condenado e berrando palavras de ataque em japonês. Sim, esse era eu.
Pra aumentar minha agonia, como nos velhos tempos, um maloqueiro DA FINA colocou uma ficha pra me desafiar sem perguntar nada. Tremi um pouco, mas meus ANOS DE EXPERIÊNCIA que adquiri nos FLIPERS de Capão da Canoa serviram como consolo. Agora é lutar. Não vai ter como fugir.
O primeiro round foi PEGADO. Fiquei só na defesa esperando o pau no cu parar de mandar aquelas MAGIA de merda. Quando ele veio pra cima, larguei o infalível COMBO TRIPLO "voadora forte + soco médio + dragon punch". Tonteei o louco e tentei mandar um ESPECIAL, me esquecendo que aquela máquina não era da SNK. O cara saiu da TONTERIA, me emendou umas 32 rasteiras impossíveis de defender e me ganhou. Corno.

"Melhor ir pros jogos de corrida", pensei. Mas eis que no caminho avisto o tal de DANCE GAME, que consiste num tablado com 4 botões gigantes indicando as direções cima-baixo-esquerda-direita. O GAMEMANÍACO escolhe sua música duma extensa seleção de technos japoneses e tem que acompanhar as flechas que vão aparecendo na tela numa velocidade crescente, que acabam fazendo com que o usuário vá dançando gradativamente. E realisticamente, se tu não for um PREGO como eu. Passei a bola pra não ser humilhado de novo e fiquei assistindo um magrelo jogando com uma música a UM MILHÃO DE BPMs, o que fez com que ele desenvolvesse uma dança que lembrou uma girafa surda tendo um ataque epilético.
A galera curtiu e até bateu palmas pro cara, que pegou sua pastinha tranqüilamente e seguiu seu caminho sem nem cumprimentar o pessoal. Esse era mestre e parecia saber disso.

Lembrei que precisava sair daquela merda e procurei fazer alguma coisa que fizesse com que o vigia me ACOMPANHASSE ATÉ A RUA. Roubar estava fora de cogitação. Por esse motivo, optei por algo mais FESTIVO e certamente menos perigoso. Largando minha mochila, sentei no MEIO do caminho, tirei um livro e comecei a ler em posição de lótus. Alguns segundos depois de ouvir inúmeros cochichos de questionamento por parte dos passantes, um faxineiro meio vesgo veio correndo e pediu calmamente que eu me levantasse dali.
--"Pica", respondi seguro e sem tirar o rosto das páginas abertas.
Foi o bastante pra que um BATALHÃO de homens de terno e walkie-talkie em punho surgisse pra me retirar do local. Não resisti e, por algum capricho da MÃE SORTE, não levei uma biaba sequer. Conduzido pelo PESSOAL, meu sorriso ia aumentando à medida que chegávamos perto da saída do shopping, que estava sendo brindada por um belo pôr-do-sol tipicamente porto-alegrense. Algum dos seguranças me deu um tapinha no ombro e ordenou, com aquela voz de brigadiano contrariado:
--"Circula, magrão".
--"Pode crer, véio".
Sentado sozinho no meio-fio, olhei pra todos os lados tentando ter alguma idéia da minha localização. Não me parecia familiar. Não, não podia ser.
Putos. Não foi por essa porta que eu entrei.


editado do RAOUL DUKE : GONZO JOURNALISM EXCELENTIA
Certo dia eles aparecero. Do nada.
Aí ficaro uns mês morando aí na rua, comendo a própria merda. Cagavam e comiam, isso. Nunca pediro nadinha aqui na padaria. Uma vez o Mongo, é, aquele maiorzão, foi se achegando e pediu umas pinga, sei lá o quê. Aí o chefe deles, o Poeta, é, um cocorpo todo tatuado, então, ele chutou a bunda do Mongo e deus uns croque nele. Nunca mais. E eles continuaro lá do outro lado da rua, cagando e comendo a bosta, mijando um na boca do outro. E eles espichava os olho gordo pros cliente aqui da padaria que eu via. Até falei pro Zão, ó Zão se liga naqueles maluco lá, eles ainda vão fazer merda. Mas o Zão nunca me ouve, ele tem mais o que fazer.

hospedado no HOTEL HELL
HAHAHA. Já contei procês do Zé Luiz, que eu considero débil mental de babar verde na gravata, gentefina mas débil mental, certo? Pois é. Não é que ele GANHOU o concurso da Corel com o CD de fotos dele? (também quantas pessoas concorrem na categoria foto aérea da Antártida?). Enfim. Na semana passada, 3:49 da madruga, o sujeito me liga a cobrar:
– Cara, levei um balão da Corel!
– Hein... Zé? Que aconteceu? Els não pagram?
– Não, bichô! Um balão mesmo, desses de inflar com ar quente.
– Ah, para com isso! E grana, que é bom, nada?
– Rolou alguma também, mais hotel e passagem. Cara, cê não está entendendo, eu ganhei um balão!
– Como assim? Balão-balão? Daqueles do logo da Corel?
– É, balão mesmo, desses de ar quente. Eu não sei direito o tamanho, aqui é tudo medido em pés. Quanto que dá 48 pés? Parece que é uma centopéia. Meu, cê precisa ver só o tamanho da caixa! Embarca amanhã pro Brasil.
– E o quê cê vai fazer com isso? Vender?
– Sei lá. Acho que vou testar primeiro. Você vai também hehehe!

Eu, que não gosto de chegar a três metros da sacada do meu apartamento, não estava gostando nadica de nada da idéia de ser piloto de prova do Zé Luiz, que é gentefiníssima, mas é também um débil mental de nadar pelado na caixa dágua do vizinho.

Opa, hora de sair. Depois eu conto da nossa fatídica visita à ABB (Associação Brasileira de Balonismo).

Número Dois

Na bandeja do McDonalds dezenas de criancinhas sorridentes. O texto covida a encontrar as duas que são iguais. Mas o que realmente acompanha o quarterão com queijo é uma revista que relata o campeonato brasileiro de Air Guitar. Ao final vão para o lixo as criancinhas que jamais se encontrarão.
Eram mais ou menos 8:30 da manhã quando a Claudinha me ligou, perguntando se eu podia ficar com seu cachorro, já que ela ia viajar a trabalho e passar duas semanas fora. 8:30 da manhã. De domingo. E eu tinha ido dormir às 7:45.
    Me lembro vagamente dessa ligação. Achei que tivesse sido um sonho, mas percebi que realmente tinha aceitado quando, ontem, às 20:37, ela bateu à minha porta com seu cachorro de mala e cuia. Não podia recusar cuidar do animal agora, claro. Sou homem, ela é mulher. Sou solteiro, ela é gostosa. Então ela viajou e eu fiquei com o cachorro.
    Não é um cachorro. É um poodle. Segundo ela, um poodle micro-toy, e chama-se Floquinho. Branquinho, peludo e fofinho. Ai que lindo! Cachorro de veado. Para mim é um protótipo de hamster, porém mais barulhento. Anda pelo apartamento todo, cheira tudo e, desde que chegou, já marcou seu território na sala, na cozinha e atrás do bar. Isso sem contar suas crises de latidos histéricos, quando sinto vontade de chutá-lo pela sacada.
    E como tem coisas, esse animal. Escova para os pêlos, escova de dentes, ração matinal, ração vespertina, potinho de água, potinho de ração, pomada pra isso, talquinho para aquilo, caminha, colchãozinho, roupinha, coleira... Deus! Tudo desse troço é em miniatura!
    Mas ter um bicho desse tem suas vantagens: levei-o para passear no parque hoje, e conheci uma loira deliciosa, que me deu seu telefone, no caso de eu querer cruzar meu animal com o dela. Não era exatamente essa a minha intenção, mas quem disse que ela precisava saber logo de cara?
Ainda assim, esse maldito já me atrapalhou a vida. Ontem mesmo, quando chegou. Eu tinha um jantar com uma garota que fez faculdade comigo, às 21 horas. Preparei tudo: velas, vinho, um jazz com muitos solos de sax, meia luz... todo aquele clima perfeito de "meu prato é você", mas adiantou? Claro que não. Ela ficou maravilhada com o Floquinho - que eu já apelidei, carinhosamente, de rato - e passou a noite inteira com o animal fedorento no colo.
    Acabou que a moça foi embora e não demos sequer uns beijinhos. Esse rato me paga.
    Mas tudo bem... amanhã vamos ao parque, e acho que vou apresentá-lo para um ou dois rottweillers.

digerido em Sobre nada... e talvez alguma coisa.
Eu acho que estou ficando louca. Minha casa parece um campo de guerra. Eu tenho umas quatro malas epalhadas pelo chao. Umas por arrumar, outras por desfazer. Eu tenho pilhas de roupa para lavar, outra pilha para passar e ontem eu tive que comprar uma camiseta para trabalhar.

Na geladeira so tem agua, vodka, redbull e pickles.
Varias cubas de gelo. Varias...

Na secretaria eletronica uns 20 recados. Tanta gente... tantos pseudos amigos. Poucos que eu consigo responder. De quem eu sinto falta?

Uma pilha de revistas num canto. Uma de livros no outro. Atras da cama!! Quem tem livros atras da cama?
Nada lido, tudo folheado. Superficialidade. Sinto saudade da minha adolescencia em que lia tres livros por dia.

Mas o pior sao as contas para pagar. Outra pilha. Vou ficar pobre.

Na cabeceira da minha cama, pilulas. Para emagrecer. Para dormir. Energeticas. Vitaminas. Ervas milagrosas. Oleos que te curam da tensão nervosa de se saber mulher. Aspirinas, várias....

Olho para as paredes nuas e concluo que talvez o que falte sao quadros. Tantas coisas por terminar em casa, nunca consegui alcancar o sentimento de realizacao em relacao a ela. Sempre tem umas coisinhas. Detalhes, detalhes.

Cartas escritas, mas nao enviadas. E-mail que nao consigo responder. Amigos queridos sem resposta. Cartoes postais sem selo.

Listas. Varias listas. De coisas a serem feitas, de coisas atrasadas. Novas listas se compoe mentalmente.
Detalhes.

Onde esta o que realmente importa?

Olho o rio pela janela e vejo os patos a nadar na agua fria. Como eles nao congelam a bunda?

interrogado POR UMA VIDA MENOS ORDINARIA
O que acho triste é o fato de que só o meu pai estava por lá na hora derradeira, e minha mãe sempre foi uma pessoa carente de atenção.
Ela sempre teve medo de uma velhice solitária, e embora ligassemos esporadicamente, estavamos do outro lado do mundo...
Se ficou algo de positivo e que eu e meu pai nos aproximamos, após anos de relacionamento distante...

dito pela Ditadura Verbal!
A primeira vez que entrei em um me choquei um pouco de ver as danças fully nude e sem nehum pudor. Depois da audiçao, comecei eu mesma a trabralhar nesses lugares. Isso foi em Janeiro de 1999. Aos poucos fui me acostumando e até gostando da atmosfera. Nos pubs onde trabralhava no começo (4, todos na mesma área), os clientes eram amigáveis e bem-comportados ; e o dinheiro era bom sem ser nenhuma fortuna.
Só que essa cena tem se modificado, com vários pubs fechando ou começando a oferecer Private Dances. Com isso o cenário é outro: mais meninas, comissão a pagar mais alta e muita competição. O perfil das meninas mudou um pouco em termos de aparência, comportamento e maneira de dançar no palco. Pode-se faturar mais agora mas o clima é bem mais pesado.

despido de La vie en rose
Sonho: estou presa com outras duas pesssoas e sabemos que o culpado disso é o cara que esta na cela ao lado. Então arquitetamos um plano diabólico para atrair o cara para a nossa cela e na calada da noite vamos matá-lo. Primeiro eu o encho de porrada, chute na cara, na bunda, na barriga e ai percebo que o sujeito é meio gordinho e oriental. Inconsciente ele se transformou em outra pessoa, essa com cara de bandido do carandiru mesmo (perceba aqui o preconceito) e jogamos o cara num canto, eu meto-lhe um travesseiro na cabeça e aponto uma espingarda KWS 1236, mas o outro cara decide atirar e o faz, na nuca. O canalha não morre, o sangue manchou todo chão, mas o barulho não foi grande. Tomo a arma e atiro de novo, mais alto, no meio da cabeça. Ai sim, sangue pela boca, morto. E como vamos nos livrar do corpo ? Jogamos no poço do elevador.

arrancado do s t r i p p e d
...Depois do judô ontem fui com o Flávio ao McDonald's e adivinha o que vimos?
...Os funcionários dançando o ROCK DO RONALD!!! :P

(campanha de US$ 8,5 milhões, criada pela Taterka, para marcar a entrada do Chambinho, o petit suisse da Nestlé no cardápio da rede de fast-food)

Ficamos tanto tempo entretidos que o Flávio perdeu a prova de inglês.

balançado no Life sucks
Infelizmente...Não deu
Ela não quis. Ela decidiu que não.
Eu acabei de chegar do show .. fui so pra conversar com ela...
1 hora e meia de conversa
Mas nao deu
E nao vai dar
Eu tou meio que sem reação ainda. Já tentei ate chorar pra ver se pelo menos bate tristeza. Mas nao
Ainda nao senti o que escutei
E nem entendi muito.
Mas nao foi ontem,nao vai ser hoje e nem me deu esperança.
So nao disse nunca ... pq ela nao quis dizer nunca..
Mas pra mim foi nunca

citado do Bangulhus
ET.
Telefone.
Minha casa.

*

Deu uma pane elétrica no prédio onde trabalho hoje, e fomos todos dispensados. Pude vir para minha casa.
Agora estou aqui, de cueca, tomando um copo de suco de melancia e mexendo no meu computador, baixando mp3 do Overclocked Remixes, totalmente desocupado.
E ainda tem a perspectiva de que eu tire um cochilo hoje à tarde!!
Estou frustrado.
Queria estar lá, no FacaNaboDoençaEstrábico, de calça jeans, camiseta e tênis, trabalhando, digitando ofícios, memorandos, mexendo em tabelas do Word...
Oh, vida!! Oh, azar!!

*

Agora minha casa é estúdio.
Meu irmão e amigos vêm até aqui pra ensaiar músicas e fumar maconha.
Sossego?
Onde?
Quero ir pro meu trabalho...

estirpado do Utopia Dilucular