29.11.02

No meio do parque, o bichão começou a subir.
- Segura, segura!
Tá bom... "Segura no meu pau!" - pensei, só não falei alto em respeito ao Padre Marcelo que nessa hora cantava uma Ave Maria aeróbica. Eu tinha certeza que se eu segurasse o balão pela corda naquele momento eu iria ser arrastado por meia cidade me espetando em todas as antenas de televisão do caminho.

Pousos e decolagens eram assuntos pra profissionais, o Seu Juvêncio que acertasse as válvulas do balão com o Zé lá em cima. Eu estava decidido a permanecer com os pés no meu chão abençoado e fui apressado pra caminhonete, por via das dúvidas. No meio do caminho quem encontro? Nada menos que o Seu Juvêncio num papo animadíssimo com a ex-dançarina do Bolinha. Olhei pra cima, estava só o Zé na cestinha. Cadê todo mundo? O balão já havia subido uns quatro metros e voltava a descer e avançar cambaleante para a área do parquinho das crianças. O Seu Juvêncio, nem aí. Comia cachorro quente com o bigode cheio de molho enquanto contava uma história dando alguns tapas safados na pernona da ex-Bolete.
O comunicador apita. Era o Zé:
- Como é que é mesmo? "Push" é puxe ou empurre?

Eu joguei o rádio para o Seu Juvêncio gaguejar as instruções pro Zé Luiz.
E fui eu - ai, meu destino amargo! - tentar amarrar a ponta da corda em algum lugar...