19.11.02

Foi de partir do coracao ver a cara da velhinha olhando para a gaiola sem nada. "Desde que meu marido morreu, ela era a minha unica companhia, foi presente do meu velho pouco antes dele ir", disse ela, quase que com lagrimas nos olhos de lembrar do passarinho morto. "Sinto muito", tentei consolar, "talvez ele tenha morrido de saudades tuas". Ela achou graca de meu romantismo, e completou, "now, he has freedom somewhere".

Aparentava uns 80 e poucos anos. Cabelos brancos e curtos, cachos arrodeando o chapeuzinho, rugas cor-de-rosa e olhos azuis, muito vivos. Me contou que o susto so nao foi maior por que o Little, como ela batizou o pequeno badgie verde, ja estava tambem velhinho. A noticia de sua partida ela recebeu na propria quinta-feira, data do acontecido, quando ela chegou em casa depois de todo um dia no hospital, ao lado do filho acidentado. Por nao ter tempo para cuidar do pequeno nesses dias, ele estava la, junto com os passaros in holliday. "Eu sabia que mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer, eu so queria ter estado ao lado dele, para a ultima prece", me contou com o coracao partido.

Conversa interrompida, hora do pagamento pela estadia. "Nao foi nossa culpa, ele teve o melhor tratamento possivel", disse o chefe, apontando para o aviso na porta: - birds left at the onwers risk. "É a regra!", ele completou. Libras no bolso. E ela se foi, gaiola sem nada em uma mao, coracao vazio na outra.

ceifado do London, London