Onde eu parei? Ah, sim. Estávamos lá, o namorado neandertal psicopata ciumento, Luíza e eu... aliás, eu, o namorado neandertal psicopata e Luíza, pois os burros sempre vêm à frente da carroça. E se havia algum burro na história toda, era eu, que me deixara levar pelos impulsos da cabecinha, ao invés de pensar com cabeçona. Mas o que não têm remédio, já diria minha velha, remediado está, e minha única opção era pisar no acelerador e tomar distância daquele sociopata o mais rápido possível.
E foi o que eu fiz. Peguei uns 160 km/h. No eixão, de madrugada, dá pra fazer esse tipo de estripulia, se você ficar esperto com os pardais, os conhecidos radares eletrônicos que o Detran instala e os adolescentes marginais apedrejam. Pois bem, segui com Luíza pelo eixão e os faróis do Opala chegaram a sumir do meu retrovisor, mas existe essa maldita Lei de Murphy, que eu nunca consigo burlar, e o pneu traseiro esquerdo estourou. É, estourou mesmo. Bum! Com direito a onomatopéia e tudo. Achei que já tinha me livrado do Godzilla, e desci para colocar meu companheiro, o estepe, no lugar do pneu. Naquela hora soube bem como ele se sentia, servindo apenas como substituto de emergência para o integrante oficial do quarteto de rodas, já que eu, aqui, era o substituto de emergência para o King Kong da Luíza.
Luíza não se deu sequer o trabalho de descer do carro enquanto eu executava o trabalho braçal de erguer o automóvel com o macaco. Ficou lá, dormindo, tranqüila que só vendo. Quase mandei-a sair do meu veículo e tomar um táxi para casa, tal era minha revolta, mas não deu nem tempo de fazer isso, pois chegou o quinto cavaleiro do Apocalipse, em seu Opala rebaixado. E eu nem tenho testamento..., pensei.
O Arauto da morte desceu do carro. Não estava com a arma na mão, pelo menos. Fiquei imaginando que ele talvez não fosse me matar. Quem sabe apenas não me desse uma surra? Se bem que com um só murro daquele armário meu crânio iria esfacelar de tal modo que viraria o quebra-cabeças preferido do pessoal do necrotério. O cara chegou perto. Pensei que ele estivesse bêbado, o que me daria alguma chance - de fugir, é lógico -, mas não. Estava perfeitamente sóbrio. Me olhou de alto a baixo.
retalhado do Sobre nada... e talvez alguma coisa.
Assinar:
Comment Feed (RSS)
|