13.11.02

Aqui na Paulista se pode sentar num canteiro de esquina e ficar observando a variedade das pessoas. Cada qual cuidadosamente vestida e adereçada, como que deliberadamente querendo deixar uma marca visual no lugar. Cabe um casal fantasiado de bruxo e bruxa, gente aos berros em um dialeto chinês, rapazes totalmente de preto, um sujeito com uma camisa estampada de Lenin com a foice e martelo, crianças de rua mulambentas correndo aos berros, mulheres bonitas de etnias exóticas, velhinhos resmungando sozinhos, camelôs andinos, engravatados de óculos escuros falando inglês, mais gente passeando com cachorros.
O que todos têm em comum é uma aura ligeiramente hostil ou desconfiada. Aqui não é o Ibirapuera; é a calçada da nóia, por onde quem passa está com pressa para fazer Algo Muito Importante.
Gente que nunca reparou e nunca vai reparar nas pedrinhas diferentes no mosaico da calçada.

usurpado do Mario AV