14.11.02

intermináveis diálogos fantasiados povoam minha vida. já casei, morri, enviuvei, perdi os pais em acidentes horríveis, fui patinadora, bailarina, atriz famosa, loura de 1,80, escritora, arqueóloga, já fui cantada pelo Al Pacino, trepei com minha colega de escola e com a Sharon Stone, esnobei o Ricky Martin. já fiz as pazes com inimigos, já pisei na cabeça deles, já fiz declarações de amor lindas, já tirei a roupa na praça (e fui presa), já fui currada por índios selvagens (gozei loucamente, confesso), tive toda sorte de diálogos esquizofrênicos. sofri, gozei, ri, me diverti, me vinguei. a vida paralela, essa da fantasia, é curiosa. é como um exercício, uma simulação para a vida. de quebra, acrescenta emoção a um dia a dia nem sempre tão vívido.
esquizofrenicamente, de novo, penso: e se aquilo lá é a realidade e isso aqui é meu sonho, o que me mantém viva?

e a vida, essa aqui de todo dia, é tão doce e azeda. me dá água na boca, vontade de viver e voar, o vento no cabelo, gotinhas de chuva, pés molhados na grama, beijo de língua, sal de suor. ando à flor da pele, sim.

retomado do . isto não (mais) é um blog .