10.4.06

A Maldição do Taxista

Vai rolar um momento diarinho misturado com seção esportes e um pouco de parapsicologia. Tenham um pouco de paciência ou a bondade de dirigir-se ao guichê ao lado. Obrigado.

Grenal2

Pois então: eu e a digníssima e encantadora Mrs. Ratapulgo resolvemos torrar os Smiles em Porto Alegre e assistir ao Gre-Nal. Fomos recebidos com toda a pompa e circunstância pelas megeras magrelas Ticcia, Ro e a rechonchuda Solineuzza.

Na saída do aeroporto, o taxista gremista já pressagiava: "Não quero ganhar, quero empatar em 1X1". Este seria o placar mínimo para o Grêmio ser campeão. Menos que isso, insuficiente; mais que isso, desnecessário. A nossa adorada Hooligan Fucsia, com seus cílios de fada e língua de feiticeira arrematou a praga: "Quero o gol de empate aos 52 minutos do segundo tempo feito com a mão enquanto o centroavante tricolor pisa na cabeça do goleiro, só para os colorados ficarem 7 anos reclamando desse jogo".

(É importante uma pequena digressão didática a respeito do ludopédio nos pampas. O futebol gaúcho apenas pode ser conceituado como "futebol" num sentido muito generoso e abrangente da palavra, pois ele é, na verdade, uma espécie de rugby que evita conduzir demasiadamente a bola com as mãos. No Rio Grande, a falta é a regra e um Ronaldinho Gaúcho uma total aberração. Praticamente só vale gol de cabeça, por atropelamento ou fratura exposta e ganha o time que terminar a partida com mais de sete sobreviventes em campo. Boleiro gaúcho mesmo, de vera, não calça chuteiras, usa ferradura.)

O Inter, invicto há dois meses, líder de sua chave na Libertadores, buscando o pentacampeonato, enfrentava em seu estádio lotado o Grêmio, um time limitado, recém-eliminado da logo na segunda fase da Copa do Brasil pelo inexpressivo 15 de Novembro. Porém todo clássico é um momento de singularidade. E assim foi, o Inter mesmo não jogando muito bem, dava caneta, dava chapéu; o Grêmio só na base do carrinho. Cumprindo cegamente seu papel no augúrio, o Internacional fez o seu gol em uma bela troca de passes na área, comemorou uma barbaridade, tudo dentro dos conformes, tudo como fora revelado pelas entranhas dos quero-queros. E para a profecia se realizar completamente só faltava aquele meio-gol gremista, e ele veio, de cabeça, em uma cobrança de falta, uma meia-cabeça, um gol de nuca, praticamente com a cervical, um gol tosco, como manda a etiqueta de uma final gaúcha. A Maldição do Taxista e o Augúrio da Megera se cumpriram finalmente e neste dia o pôr-do-sol no Guaíba foi azul.

Pois está escrito que campeonato gaúcho nunca será vencido pelo melhor, mas pelo time mais gaúcho.

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