Numa manhã folgada, depois de longa noitada
estando eu de ressaca e em lamentável estado
já estava indo dormir, quando pareceu-me ouvir
batidas na janela do lado de meu muquifo isolado
Quem bateria essa hora em meu muquifo isolado?
E o papagaio disse:
Sou eu, seu velho viado!
Recordei-me incontinenti daquela ave carente
que vários anos passara sempre ao lado na escuta
de todo tipo de palavrão. Mas eu era o amigão
que limpava o seu poleiro e o alimentava com fruta
Será que ele ainda se lembra de seu pobre dono biruta?
E o papagaio disse:
Seu velho filha-da-puta!
Morrendo de saudades das suas obscenidades
trouxe-lhe doces bolachas e abri-lhe bem a janela
lembrei-me bem do passado, do tempo compartilhado
e para avivar a memória, tive uma idéia singela:
peguei a ave sacana e taquei-a dentro da panela
E o papagaio disse:
Hmmm. Vai me comer de verdade, seu velho broxa e banguela?
8.8.04
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