4.9.03

Paulo Francis, o Jornalista

"Freud, claro, é a maior influência intelectual da minha vida" - also spracht Paulo Francis (FSP, 9/11/80).

Poderia até ser verdade. Provavelmente era. Porém quando procuramos textos em que ele cita diretamente a teoria freudiana nos deparamos com algumas barbaridades gengiskanianas. Para Francis Ego e Consciente eram sinônimos, assim como Id e Inconsciente. É um erro Crasso, Pompeu e César até para um estudante de primeiro ano de psicologia das Faculdades Cristina. Outra coisa que nosso caro Francis também não conseguiu entender direito foi o conceito freudiano de Pulsão de Morte, por exemplo. São famosos outras centenas de equívocos, maiores e menores, em diversas áreas, que podem até serem explicados por uma confiança demasiada em sua paquidérmica memória, pela preguiça de ir até a estante ou por pura arrogância mesmo. E se com Sigmund Freud, sua maior influência intelectual, Francis se permitia tamanho descaso, vocês podem imaginar o que sofreram as menores influências.

Paulo Francis foi um monumento. Um iceberg caçador de Titanics - o que quer que isso signifique. É hoje uma Caaba inatingível para onde rezam os inúmeros que se propõem polemistas. O sarcasmo amargurado, a empáfia e uma grande amplitude cultural são o legado sagrado de Sir Francis, "O" jornalista. Que como a maioria dos jornalistas conhece um pouco de tudo e, no entanto, se aprofunda, de tudo, em muito pouco. Do jornalista não se exige que conheça a fundo cada assunto de que fala, mas que possa saltitar com a graciosidade de um hipopótamo de Disney pelos variados e floridos campos culturais. Paulo Francis era, definitivamente, um jornalista.