10.9.03

Harém de papel

Vocês já leram várias vezes isso em vários lugares. Pois está aqui também.

Libere um LIVRO!

Na manhã de 11 setembro 2003 não se esqueça de sair munido de um livro que seja importante para você.
Um livro que tenha mudado sua maneira de ver o mundo. Ou que você acredite que possa mudar a vida de alguém, de alguma forma. Escreva uma dedicatória... e o libere!
Libere-o na via pública, sobre um banco, no metrô, no ônibus, em um café... a mercê de um leitor desconhecido.
E você? Adotará um livro que esteja em seu caminho, caso ele surja.
O dia 11 setembro agora não será mais um aniversário fúnebre, e sim um dia de troca de energia e doação. Juntos, transformaremos esta data em um ato de criatividade e generosidade.
A mobilização será geral em Bruxelas, Paris, Florença e São Francisco.
Vamos fazer isso também em nossas cidades aqui no Brasil.
Nas cidades citadas,um grupo de escritores, leitores e amantes dos livros em geral, liberará seus livros, em lugar público.
Engaje-se nessa idéia também! E faça circular essa informação!


Puxa vida. Eu fiquei bastante chateado com esse texto. Nunca havia pensado nos livros como prisioneiros mesmo. Isso é muito deprimente. Coitados! Esmagados e amontoados nas estantes superlotadas. Carandirus de papel impresso. É verdade que eu imaginava uma outra coisa: um harém de livros - o que não deixa de ser uma espécie de presídio perfumadinho.

Gosto de me imaginar escolhendo os livros como aquele sultão seleciona do harém a concubina que compartilhará seu leito aquela noite. Sabe como é a técnica? Joga-se um balde de água em todas as mulheres e a escolhida será aquela da qual sair mais vapor. Pois é assim que escolho nas estantes o livro que está mais quente e provocante. Aquele que exala as emanações mais sensuais tem a honra de ser o escolhido.

Acaricio suas lombadas. Abro com delicadeza as páginas que se oferecem escancaradas, arreganhadas diante de mim. Meus olhos percorrem lascivamente o texto de cada página, satisfazendo os mais torpes impulsos. Depois de saciado o coitado do livro é amelicamente devolvido às promíscuas celas das estantes abarrotadas.

Pobres livrozinhos. Hoje sei o que eles sofrem. No dia 11, num gesto simbólico de grandeza, um deles, um belo espécime, será libertado.

Um que eu já tenha mais de uma cópia, claro!