Aliás, seguindo a linha de best-sellers cultuados do momento, com todos esses romances de mistério histórico-místico-cabalístico, pensei em criar a série Nostradamus Detetive, o investigador que descobre os mais intrincados crimes e mistérios em 15 segundos cravados.
Quando chega na cena do crime, Nostradamus já sabe absolutamente tudo sobre o que aconteceu, inclusive o que o dono da taberna haveria de dizer em seguida, revela de imediato quem é o criminoso, como foi que aconteceu exatamente, a motivação dos três assassinos e a razão pela qual a misteriosa chave dourada que abria a porta da adega do Conde Bulhufas ter sido encontrado no esôfago da avó mumificada na tumba atrás da parede secreta na Catedral de Chartres. Dito isto, invariavelmente Nostradamus pede uma sopa de repolhos e vai embora.
Tudo muito rápido. Seriam romances históricos realmente curtos, para quem não tem paciência com o calhamaço de folhas que compõe os best-sellers atuais pois, afinal de contas, ninguém tem mais tempo para ler mais nada hoje em dia, não é mesmo? O Enigma da Papisa Francha, por exemplo, em no máximo em 5 páginas já estaria tudo resolvido, incluindo a descrição pormenorizada do transplante de sexos executado pelo Leonardo da Vinci. Outro: Nostradamus Detetive em Paracelso e a Receita Perdida do Panetone de Platina — o capítulo mais comprido seria o título.
Ou, ou, ou poderia haver uma linha completamente diferente do profeta-detetive. Seria um Nostradamus que tem visões dos acontecimentos futuros mas não os do passado, tendo que deduzir, pelas suas visões do porvir, como foi que o crime ocorreu. Ou seja, uma coisa um tanto mais complexa, mais elaborada, evaporando de vez minhas previsões douradas de um best-seller com Nostradamus Detetive.
28.1.08
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