4.11.04

Se Fôssemos um País Civilizado

Luiz Inácio Lula da Silva acompanharia muito atento, na TV Record, o mapinha do Brasil que iria lentamente se colorindo de vermelho e de azul. Tomaria mais um trago da branquinha. A apuração correria apertadíssima e ele faria as contas em seus nove dedos: com os quatro votos do Piauí e os três de Roraima, ele poderia recuperar o revés da perda dos seis votos do Rio Grande do Norte.

A contagem estancaria em Minas nos 72%. Um problema com as cédulas perfuradas.

Os analistas diriam que nesta eleição Minas Gerais faria o mesmo papelão que o Rio de Janeiro fizera há quatro e há oito anos atrás. Alkmin já estaria preparado para apelar a Aécio Neves para que fizesse a recontagem dos votos de Minas somando os votos vindos do exterior dos emigrantes de Governador Valadares.

Bóris Casoy passaria o Estado de Minas e seus vinte e oito votos no colégio eleitoral para a cor abóbora; indefinido.

Mas Lula saberia – assim como qualquer brasileiro – que existe essa tradição, essa superstição, esse tabu incontestável: quem ganha no Estado da Bahia sempre vence a eleição. Não tem conversa. E, distraído, alisaria no pulso a encardida fitinha do Nosso Senhor do Bonfim, prestes a arrebentar.