Sou um pastor de fuscas. Todas as manhãs, com o dia ainda clareando, abro a porteira e os encontro com os parabrisas ainda úmidos de orvalho. Acaricio as suas arredondadas latarias, verifico a pressão de seus pneus, ponho 5 litros de gasolina no tanque de cada um e levo os meus fuscas para a colina.
Sou um pastor de fuscas. Sento com meu cajado no alto de uma pedra branca e os observo. Alegra-me vê-los com suas carrocerias luzidias, brilhando ao sol, capotando alegremente na relva. Gosto de vê-los dando cavalos-de-pau apenas para se exibirem. Os fuscas têm uma especial predileção por girar em torno da carcaça enferrujada de um velho Dodge Dart, buzinando inocentes.
Sou um pastor de fuscas. Ao final da tarde os arrebanho, cansados e elameados, para um banho de esguicho ao pé da colina, próximo a regato. Nos retrovisores o sol vermelho se espreguiça e vai se recostando no horizonte enquanto os fuscas aguardam as primeiras estrelas ronronando seus motores em marcha lenta.
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