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Desvendando o Código Morse

capítulo 13

Professor Epaminondas e Buluca acordam amarrados em uma sala metálica, escura. Um rouco barulho de motores reverbera pela parede. Estão atados por uma grossa corda a um cano, de costas um para o outro.

"Profesor, estou toda molhada." "Sim, Buluca, estar amarrado aqui, encostado a você, também me causa uma certa excitação no baixo ventre." "Quero dizer, há muita água no chão. Parece ser o porão de um navio. Um navio com sérios problemas de vedação." "E está balançando também. Devemos estar em alto mar" "Para onde estariam nos levando, professor?"

José Saramago entra na sala abruptamente. "Para Lanzarote, menina. Para minha ilha secreta no meio do Atlântico. Comprei-a do Satânico Dr. No em uma promoção do eBay, uma pechincha! Lanzarote é a misteriosa terra-perdida, também conhecida como Hi-Brazil, Atlântida ou Parque da Xuxa-Cabras, dependendo da fonte consultada. Em breve vocês serão jogados dentro da cratera central, onde os seres que habitam o infra-mundo irão usá-los como escravos e matéria-prima de Big-Macs".

"Por que faz isso conosco?" indaga Buluca, quase chorando. "No que pesem as afirmações de Lobo Antunes, não sou uma má pessoa." responde José Saramago. "Mas como sou comunista, eu desejo que todo o mundo seja uma grande irmandade triste, suja e miserável. Que a miséria seja compartilhada por todos igualmente, e não apenas pelos pobres. Assim, não posso permitir que Portugal restaure sua Glória e erija o Quinto Império. Eu, o Chico Buarque e o Daniel Dantas, que está pilotando este navio, não deixaremos jamais que ele retorne." "Ele quem?" "Ele! O Salvador de Portugal! O restaurador da Glória Lusitana!" "Quem? O Felipão?" "Não, sua anta. Dom Sebastião! Dom Sebastião!"